quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

TEMPO



“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”

  Eclesiastes 3.1
Há dois modos de raciocinarmos o tempo e o perfeito entendimento que temos sobre eles nos ajuda a termos equilíbrio e bom senso para viver, assim, como também, a compreendermos nossa finitude frente ao infinito Deus.
Quando o tempo é referente as fenomenologias típicas de nossa dimensão existencial, dar-se o “kronos”. O tempo que pode ser medido e estipulado é o tempo do cronômetro, das datas e dos compromissos. Tempo este que é artigo raro em nosso mundo moderno e não pode ser desperdiçado, afinal, diz a máxima: “Tempo é dinheiro!”.
Quando o tempo se refere a uma oportunidade, um instante único, algo que não podemos desviar a vista para perder a sua magnitude; quando o tempo é um mistério e não se pode especular o “quando é” ou “quando se dará”, pois não é marcado pelos relógios, nem medido em marcadores cronometrais, dar-se o “kairós”, o “Tempo de Deus”. Quando a Palavra de Deus nos revela a existência dos tempos estabelecidos pelo Criador, não apenas para o homem, mas para todas as coisas, devemos pensar em duas vertentes existenciais:
A primeira vertente se refere, aos ciclos de vida natural e comum a todos os seres debaixo do céu (Eclesiastes 3.1-8). Tudo nesta dimensão é afetado pelo tempo, ele é o algoz e costuma medir as obras dos homens, tanto que as obras de autores antigos, que foram de alguma forma, responsáveis pelo moldar cultural das nações, são chamados de “clássicos”, pois desafiam o tempo, ou, estão resistindo ao teste. O tempo é o parâmetro de toda a existência (Eclesiastes 9.11b), até as estrelas tem os seus ciclos vitais, e o próprio universo teve começo e terá fim (Gênesis 1.1; 1ª Pedro 4.7).
A segunda vertente nos remete a Deus, pois Ele não está afetado pela fenomenologia do tempo, nem por qualquer outra limitação ou finitude dimensional (Romanos 11.33-36); Ele é o Senhor do Tempo (Salmos 90.4; 2ª Pedro 3.8), Ele é quem determina e tudo acontece; n’Ele subsiste todas as coisas (Atos 17.28; Colossenses 1.17), não é Ele que está no universo, o universo está n’Ele (1º Reis 8.27).
Portanto, Deus estabeleceu os tempos vitais em nossa natureza, mas quando Ele age dentro de um propósito definido, usa o Seu Tempo, e não o nosso cronômetro. Ficamos nos torturando desnecessariamente querendo as coisas aconteçam de acordo com a nossa vontade, dentro do nosso tempo, respondendo a nossa agenda; quando o tempo da oportunidade é determinado por Ele, a vontade para que tudo aconteça está n’Ele, e a sua agenda não está submetida as nossas neuroses.
Reserve tempo para o Senhor do tempo, e assim, há seu tempo tudo lhe fará (Salmos 37.5).

O Amor é a Única Condição



“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros” 

(João 13.35)
Existe uma sublime condição para que possamos nos tornar discípulos de Cristo Jesus: amar!
Não é o sentimento romântico despertado pelas paixões carnais e extrapoladamente explorado pelas mídias e pelo consumismo das emoções como produto encaixotado nos balcões mercadológicos. Esse amor idealizado como dádiva divina (Gênesis 2.24), foi transformado em sentimentalismo pedante e promovedor de lucros ao mercado midiático, e agora transformado em relacionamento descartável e irresponsável.
Não é esse o amor dos discípulos.
Não é simplesmente a simpatia, o respeito, o fato de “gostar” do está escrito na Bíblia e ter o Cristo como um patamar de líder espiritual. Ou mesmo ser “amigo” do Evangelho. Não se trata de um amor de filiação, no qual amamos “apesar de” por causa dos laços sanguíneos que nos prende uns aos outros nas fronteiras da família, pois isso, qualquer um tem ou faz (Lucas 6.32-34).
Não é esse o amor dos discípulos.
Amar com o propósito de atingir alvos de sucesso, de garantias de retribuição. Amar porque é a maneira de escapismo ou porque a promessa de galardão é satisfatória e sedutora, não tem utilidade na economia do Evangelho. Esse é o amor das seitas, das barganhas espirituais, dos lucrativos negócios feitos em Nome de Deus. Esse é o amor a própria pele e cheio de conveniências, é o amor que na superfície dos lábios se encontra (Mateus 15.8; Romanos 12.9).
Não é esse o amor dos discípulos.
O amor imprescindível aos discípulos de Cristo é o amor que encontra n’Ele o exemplo, o modo e a prática, para ser exercido dia a dia e sem o qual nada vale a pena (1ª Coríntios 13.1-3). As características desse amor são: a) com toda força, entendimento, sentimento e espiritualidade centrados num alvo: Deus, e revertido como prática palpável ao próximo (Lucas 10.27); b) é verdadeiro, real, sem segundas intenções e promovedores das mais dignas atitudes quanto ao próximo (Romanos 12.9-21; João 15.13; 1ª João 3.16-18); c) é a disciplina a ser buscada, o caminho excelente, o dom supremo (1ª Coríntios 13.13; 1ª João 4.7-8).
 O amor dos discípulos não é uma opção, mas uma condição intrínseca de quem segue a Jesus (João 3.12; 1ª João 4.8). É o amor, e nãos as conquistas, vitórias ou a capacidade intelectual que nos caracteriza como cristãos, mas o amor que vivemos de fato uns com os outro e indo além alcançando a todo próximo.