Muitas pessoas encaram o trabalho como uma punição
ou um tremendo castigo e transformam o seu dia e o seu ambiente de trabalho em
algo insuportável e triste.
Entre os cristãos é comum encontramos um estranho
dualismo existencial, a vida na Igreja (especialmente nos domingos) e a vida no
trabalho (que chamamos secular). E assim, vivem uma esdrúxula dicotomia
anti-bíblica, na Igreja (que se compreende como uma instituição denominacional,
com placa de identificação e CNPJ), e uma vida fora desses portões, onde a
prática é bem diferente da teoria.
Ora, em primeiro lugar precisamos compreender o
trabalho como uma bênção de Deus para a nossa vida e não como castigo e conseqüência
da queda do homem no Gênesis. O pecado trouxe, sim, uma maior dificuldade
quanto a esse aspecto da existência humana, mas não podemos afirmar que o
trabalho foi uma imposição de Deus pela culpa do homem (Adão), pois quando O
Criador lhe pôs no Jardim do Éden também o cercou de funções e tarefas
condizentes com a sua natureza e suas capacidades, constituindo não algo
massacrante, mas como parte inerente do existir humano.
No Novo Testamento, onde o contexto do trabalho
muitas vezes está em conexão com as terríveis condições de servidão, encontraremos
princípios e razões para desempenharmos nossas tarefas e ocupações com
motivação e entusiasmo, que são agentes transformadores de hábitos, lugares e
pessoas. Cito alguns desses princípios e razões com o desejo de ajudar a alguém
a enfrentar o dia a dia com a alma leve e o coração tranqüilo:
Trabalhe não
como servindo a homens, mas a Deus –
pois agindo assim semearás boas sementes da confiança e fidelidade, porque
serás um profissional competente na presença e na ausência do teu superior e
isso agrada a Deus;
Trabalhe com
honestidade – não significa fazer
somente o que é lícito, pois há muita coisa que é lícita, mas não é conveniente
ao Cristão. Seja honesto, com os clientes, patrões, colegas, etc;
Trabalhe
motivado – não espere que circunstâncias
lhe dêem motivos para trabalhar bem, viva acima das circunstâncias e promova o
bem no seu ambiente de trabalho, pois Deus sabe do que você necessita, faça a
parte que lhe cabe, cada dia, pois cada momento é único;
Trabalhe
entusiasmado – ser entusiasmado é
ter Deus dentro de você, e quem tem esse viver sabe que a vida é uma dádiva,
que o trabalho é uma bênção e que ganhar o pão com o suor do rosto é honra para
o homem. Lembre-se que há muitos desempregados que desejam um trabalho, e os
preguiçosos são condenados na Bíblia.
Não quero dizer com este artigo que você se torne
um alienado em seu emprego, um conformado com sua situação às vezes
tremendamente difícil. Não! Lute com dignidade por seus direitos sem esquecer
nenhum minuto sequer dos seus deveres. Tenha foco, metas, propósitos, sonhos,
porém, com os pés no chão do aqui e agora, lugar temporal onde o futuro é
construído. Procure ser profissional, qualquer que seja a sua área, procure
sempre, sempre, sempre, fazer o melhor possível em suas tarefas, porque as
oportunidades virão e a chuva só faz brotar na terra que foi preparada e
semeada.
Em segundo lugar é necessário esclarecer que não
existe dualismo na Bíblia quanto ao viver dos cristãos. A vida cristã é
integral. Você não se torna um filho de Deus só porque nasceu numa tradição
religiosa, ou porque seu nome consta no rol de alguma igreja
institucionalizada, ou porque é dizimista e vai a algum culto nos domingos,
enquanto no seu trabalho o “bicho pega”, a graça é esquecida para viver uma
desgraça cristã.
Ninguém pode servir a dois senhores, ter dois modos
de vida, ou barganhar com Deus. A vida cristã e de corpo e alma inteiros, o
cristão que eu sou na Igreja deve transbordar além das portas do
templo-edifício de reunião, romper fronteiras e fazer o Cristo que afirmo viver
em mim, ser reconhecido nas minhas palavras, nos meus gestos, nas minhas
intenções e nas minhas ações; principalmente em minha casa e em meu trabalho
onde demonstro ser quem de fato sou.
É no trabalho que ganho o pão de cada dia, que
amizades são construídas, que o caráter também é formado e que o profissional é
construído.
Por isso:
Não maldiga, mas abençoe!
Não murmure, mas ore!
Não se escore, mas se esforce!
Não desista, mas persista!
Não desanime, mas tenha fé!
N’Ele, cujo o Pai trabalha e Ele também,
incansavelmente.
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