sábado, 26 de maio de 2012

Mundo Tenebroso




Vivemos tempos difíceis.

Ouvimos coisas assustadoras.
Presenciamos acontecimentos tenebrosos.
De onde brota tanto ódio, medo e trevas sobre os homens?
Nunca fomos tão menos humanos como demonstramos ser nesses séculos de controversas “luzes” e contraditórias conquistas científicas, sociais e econômicas.
O mundo cristão tem sido tão pouco cristão que os não-cristãos tornaram-se exemplos de atitudes cristãs.
Desde que Adão disse “não” a proposta de vida perfeita com Deus e em Deus, a humanidade desumaniza-se cada vez mais, pois, quanto mais distante de Deus o homem fica, menos ser humano ele é. Somente em Deus, por meio de Cristo é que somos, de fato, verdadeiramente humanos, porque Deus o fez imagem e semelhança sua e de homem o chamou.
Homem, Imagem de Deus?
Mas a queda distorceu e embaçou essa imagem. Imagem antes límpida, agora turva e irreconhecível imagem.
A nossa história, então, tornou-se uma seqüência absurda de violências, horrores e injustiças. Sangue e profusas lágrimas têm perpassado os tempos e as eras.
No princípio o fratricídio: o irmão assassinado. Em seguida, surgem as guerras étnicas e os violentos choques culturais e religiosos que geraram um rastro de incurável dor e ódio. Surgem, então, os impérios e suas volumosas sedes e fomes de poder e destruição, suas visões unilaterais de cosmos centrados em si mesmos: e que se dane os outros povos!
E na plenitude dos tempos, o Cristo surge para romper com os paradigmas de reino, poder e majestade: “É chegado o Reino de Deus”.
Ah! Que contraste e que decepção para os milicos religiosos-políticos de plantão, que esperavam uma hecatombe cósmica, pois, o Rei proclama: “meu Reino não é deste mundo”. E o Reino era composto de servos.
Mas, eis que o cristianismo ao crescer descristianiza-se e se transforma numa instituição estatal, servindo ao braço secular e servindo-se dele. E em nome de Jesus as cruzadas destruíram qualquer diplomacia e diálogo com os mulçumanos. E em nome de Jesus as fogueiras foras acesas e a diabólica inquisição torturou, mutilou e matou milhares de pessoas pelo simples fato de pensarem ou crerem diferente.
 E protestantes e católicos se engalfinharam e guerrearam e se mataram em nome de Jesus. E mais guerras fluíram: guerras ideológicas, guerras políticas, guerras comerciais, guerras étnicas, guerras religiosas...
 O Século 20 deixou um saldo histórico de inigualável perversidade: duas grandes guerras que falam por si só, a traumatizante experiência das armas nucleares, a fome nos continentes explorados, a indiferença do homem para com as realidades de Deus.
Homem, imagem de Deus?
Imagem distorcida e embaçada, imagem antes límpida, agora, turva e irreconhecível imagem.
Então, desembarcamos no já neurótico Século 21. O homem, no entanto, continua o mesmo. Somos capazes de ir à lua, mas incapazes de ir ao próximo. Somos capazes de falar por horas sobre Deus, mas incapazes de vivê-lo por um minuto. Somos capazes de detectar com muita facilidade os erros nos outros, mas incapazes de reconhecer os nossos.
E no meio do turbilhão de nossa conturbada história, e no mais profundo do cansaço existencial ouçamos uma voz que grita ecoando pelos séculos: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei, aprendei de mim”.
Se em Adão caímos, em Cristo somos reerguidos para fazer parte do seu Reino de servos, cheios de amor, fé e esperança capaz de transformar esse mundo tenebroso num campo fértil para que a semente da vida abundante possa brotar.

N’Ele que nos transporta das traves para o Reino do seu amor.

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