Vivemos tempos difíceis.
Ouvimos coisas assustadoras.
Presenciamos acontecimentos tenebrosos.
De onde brota tanto ódio, medo e trevas sobre os
homens?
Nunca fomos tão menos humanos como demonstramos ser
nesses séculos de controversas “luzes” e contraditórias conquistas científicas,
sociais e econômicas.
O mundo cristão tem sido tão pouco cristão que os
não-cristãos tornaram-se exemplos de atitudes cristãs.
Desde que Adão disse “não” a proposta de vida
perfeita com Deus e em Deus, a humanidade desumaniza-se cada vez mais, pois,
quanto mais distante de Deus o homem fica, menos ser humano ele é. Somente em
Deus, por meio de Cristo é que somos, de fato, verdadeiramente humanos, porque
Deus o fez imagem e semelhança sua e de homem o chamou.
Homem, Imagem de Deus?
Mas a queda distorceu e embaçou essa imagem. Imagem
antes límpida, agora turva e irreconhecível imagem.
A nossa história, então, tornou-se uma seqüência
absurda de violências, horrores e injustiças. Sangue e profusas lágrimas têm
perpassado os tempos e as eras.
No princípio o fratricídio: o irmão assassinado. Em
seguida, surgem as guerras étnicas e os violentos choques culturais e
religiosos que geraram um rastro de incurável dor e ódio. Surgem, então, os
impérios e suas volumosas sedes e fomes de poder e destruição, suas visões
unilaterais de cosmos centrados em si mesmos: e que se dane os outros povos!
E na plenitude dos tempos, o Cristo surge para
romper com os paradigmas de reino, poder e majestade: “É chegado o Reino de
Deus”.
Ah! Que contraste e que decepção para os milicos
religiosos-políticos de plantão, que esperavam uma hecatombe cósmica, pois, o
Rei proclama: “meu Reino não é deste mundo”. E o Reino era composto de servos.
Mas, eis que o cristianismo ao crescer
descristianiza-se e se transforma numa instituição estatal, servindo ao braço
secular e servindo-se dele. E em nome de Jesus as cruzadas destruíram qualquer
diplomacia e diálogo com os mulçumanos. E em nome de Jesus as fogueiras foras
acesas e a diabólica inquisição torturou, mutilou e matou milhares de pessoas
pelo simples fato de pensarem ou crerem diferente.
E
protestantes e católicos se engalfinharam e guerrearam e se mataram em nome de
Jesus. E mais guerras fluíram: guerras ideológicas, guerras políticas, guerras
comerciais, guerras étnicas, guerras religiosas...
O Século 20
deixou um saldo histórico de inigualável perversidade: duas grandes guerras que
falam por si só, a traumatizante experiência das armas nucleares, a fome nos
continentes explorados, a indiferença do homem para com as realidades de Deus.
Homem, imagem de Deus?
Imagem distorcida e embaçada, imagem antes límpida,
agora, turva e irreconhecível imagem.
Então, desembarcamos no já neurótico Século 21. O
homem, no entanto, continua o mesmo. Somos capazes de ir à lua, mas incapazes
de ir ao próximo. Somos capazes de falar por horas sobre Deus, mas incapazes de
vivê-lo por um minuto. Somos capazes de detectar com muita facilidade os erros
nos outros, mas incapazes de reconhecer os nossos.
E no meio do turbilhão de nossa conturbada
história, e no mais profundo do cansaço existencial ouçamos uma voz que grita
ecoando pelos séculos: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e
oprimidos e eu vos aliviarei, aprendei de mim”.
Se em Adão caímos, em Cristo somos reerguidos para
fazer parte do seu Reino de servos, cheios de amor, fé e esperança capaz de
transformar esse mundo tenebroso num campo fértil para que a semente da vida
abundante possa brotar.
N’Ele que nos transporta das traves para o Reino do
seu amor.
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