“Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a
autoridade”
Tito 2.14
Algumas vezes no meio de uma
explicação bíblica sou questionado por uma frase supostamente carregada de
forte argumentação:
“Não
ponha cabresto em palavras!”
Apesar de bela e intrigante,
ela é tão somente angustiante e poética, não lhe cabe assertivas teológicas nem
instigações filosóficas. Revela em si um ser sem chão de existência, que tenta
nos resignificados construir realidades coniventes com as situações e vivências
do tempo – idéia.
“Uma
metamorfose teológica ambulante”
Trata-se, apenas, um
malabarismo neoliberal, neo-ortodoxo de tentar fazer a compreensão de verdades
inalteráveis, inquestionáveis e pétreas em condicionamentos históricos –
críticos transformando a Palavra de Deus e o Deus da Palavra reféns das
decodificações espaço – temporal que nossa limitada mente consegue captar em
cada geração.
Esse é um conceito puramente
poético. Válido para o vagar do poeta sonhador que deitado na verde relva de um
campo florido, contempla a procissão das nuvens lhes dando formas e funções que
só ele vê.
Para a nossa saúde teológica
e de vida cristã, precisamos o rumo das palavras porque foi com as tais que
Deus especialmente revelou-se. Há dificuldades enormes, por isso o caminho de
uma contemporalização que não considera o cabresto da palavra nos lança no
abismo do enganoso coração humano (Jr 17.9).
Que fazer?
Precisamos saber que a
Palavra de Deus, a Bíblia é inspirada não por causa dos seus autores
(escritores), mas por quem lhes deu a inspiração, e que isto a torna inerrante.
Não impossibilitando que os copistas no decorrer dos séculos possam ter
acrescentado algum vocábulo em equívoco, tendo em vista que a inspiração não
foi mecânica, no entanto, seu conteúdo e essência codificados registram a norma
divina sem falhas.
Precisamos saber que em cada
fase histórica da Revelação Divina pela palavra, havia uma gramática a ser
percorrida e pela qual a palavra foi inserida em seus signos e significados dos
quais necessitamos aprender, para que assim, possamos equacioná-la em nossa
gramática – histórica.
Precisamos saber que cultura
e novos conceitos sociais não dasabonam os princípios estabelecidos pelo
Senhor. Eles não foram construídos na forma do homem, mas no atributo de Deus,
é por essa razão que mudamos sem mudar, por mais tecnologia e desenvolvimento
que produzimos, nossa angústia de alma permanece a mesma dos primeiros tempos.
Precisamos saber que a
própria Igreja Cristã errou no decorrer dos séculos quando não perseverou em
instigar o povo em buscar o conhecimento, abrindo brechas para métodos
interpretativos duvidosos e que geraram grande parte da confusão “evangélica”
de hoje.
Precisamos saber que é por
causa de não mais buscarmos os “cabrestos” das palavras que “igreja” virou um
lugar, que louvor e adoração transformaram-se no momento musical de uma
liturgia, que teologia e doutrina viraram assuntos acadêmicos e não prática de
vida para o povo cristão, que a Bíblia passou a ser usada para fundamentar
heresias e seitas abomináveis; que sacerdócio virou função de pastor,
missionário ou obreiro e não roteiro existencial de cada um de nós.
Precisamos saber que apesar
das “metamorfoses ambulantes”, a Bíblia nos ensina que o amor (considere o
contexto), nunca será ódio, que perdão nunca será negligência a justiça, que
Deus nunca será um ídolo, que perseverar na doutrina dos apóstolos nunca será
fundamentalismo (no conceito pejorativo da palavra), que contextualização e
contemporaneidade nunca serão relativismo, que os novos e desafiadores teólogos
“emergentes” nunca substituirão o quebrantado de coração.
Precisamos saber que mesmo em
face das novas fronteiras desafiadoras do atual século, Ele (Jesus) é a
Verdade, e o Caminho, e a Vida, e somente através d’Ele é que encontramos
acesso ao PAI. (João 14.6).
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