O Domingo de Ramos que funciona como uma introdução dos tradicionais festejos da “Semana Santa” é uma excepcional oportunidade de refletirmos na maneira como o Rei dos reis tem sido recepcionado em nossa vida e quais sentimentos sua presença desperta em nosso coração.
A cidade
experimenta uma áurea mística cristã e muitos, ainda hoje, amarram nos postes
ramos de palmeiras e outras plantas como saudação ao Cristo que irrompeu as
portas de Jerusalém causando tumulto, admiração e desconfiança.
O texto
bíblico não nos remete apenas a um fato histórico temporal, perdido na poeira
dos séculos e transmutado em cerimônia esotérica. Não! Esse episódio marcante
do ministério de Jesus é um mergulho existencial que nos remete a um repensar
da nossa pessoal experiência com Ele (Jesus) e seus significados
transformadores pra cada um de nós.
Podemos,
assim, destacar três perspectivas da chegada de Cristo na Jerusalém que deve
ser entendida (pelo menos neste artigo) como a nossa vida:
A primeira coisa que observamos é o aspecto
presencial e impactante de sua chegada. Jesus não passa despercebido em nossa
vida, Ele causa reações, ora positivas, ora negativas, mas que trazem um
verdadeiro rebuliço espiritual, como que nos despertando de um torpor religioso
e ritualista para uma festividade salvadora de um Rei de veio libertar seu
povo. Agora, some-se a isso alguns fatos paradoxais que causam redemoinhos na
teologia da causa e efeito, tão comum no cristianismo de hoje em dia: O Rei vem
desarmado, sua guarda pessoal e um grupo de apóstolos que ainda não sabem o que
realmente são. Seu transporte real é um jumentinho, animal de carga e
transporte dos pobres.
A chegada de Jesus em nossa vida é recheada da
contracultura aos valores e engrenagens que move o mundo em que vivemos. Seus
princípios não estão pautados no poder secular, nas riquezas destrutivas nem as
ostentações fúteis tão disputados pelos homens. Sua chegada nos leva a uma
desconstrutividade do “eu mesmo” (egoísmo) para uma construtividade do “Ele em
mim”. Alguns receberão com festa e alegria, muitos com desconfiança e rejeição.
Qual é a sua
(minha) reação?
A segunda coisa que observamos é a rejeição
quase que imediata que muitos de nós expressamos em relação ao Cristo que
chega. Essa rejeição apega-se a ritos litúrgicos para justificar-se, usamos até
mesmo nossos sistemas religiosos engessados para evitarmos que as
transformações que essa avassaladora presença exige venha tornar-se real. E
então, até mesmo a alegria de quem O recebe e compreende as dimensões de seu
ser incomoda: “manda que se calem”. E
então, a esperança, a fé o amor são substituídos pela desconfiança e pela
insensata oposição: “Quem é esse?”.
A chegada de
Cristo é recheada por uma proposta de arrependimento e fé, de uma contínua
reconstrução de nossa vida na Rocha sustentáculo que nos mantém e guarda até o
fim. E para isso, é necessário renúncia, disciplina e serviço. Alguns O
receberão com louvor, muitos desprezarão.
Qual a sua
(minha) reação?
A
terceira coisa que observamos é o caráter messiânico nesse adentrar d’Ele
em nossa cidade fortificada (coração-espírito). A chegada de Cristo deve nos
conduzir a uma expressão de reconhecimento de nossa miserável condição de
pecador incorrigível, alienado de Deus, seduzido pelos sistemas mundanos e
incapaz de encontrar a salvação por si só, como gritará o apóstolo Paulo em
Romanos 7.24 “...quem me salvará no corpo
dessa morte?”. Então, a presença d’Ele abre nossa compreensão para a
necessidade de sua intervenção em meu corpo, em minha vida e por isso a
exultante manifestação como que uma confissão de fé e vida: “Hosana! Bendito o que vem em nome do
Senhor”.
Sim! Bendito o
que vem em nome do Senhor!
A chegada de
Cristo em nossa vida é recheada da graça salvívica que nos impele a adornar os
caminhos de nosso coração, não mais com ramos, folhas palmeiras ou de qualquer
outra espécie de plantas, mas com as folhas da esperança, da fé e do amor e,
fazendo tangíveis os frutos da verdade e da justiça marcas de quem tem o Cristo
entronizado em sua vida, não apenas em uma “Semana Santa”, e sim, em uma
inteira VIDA SANTA.
Qual é a sua
(minha) reação?
N’Ele que é o
motivo das festas em meu (nosso) coração.
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