sábado, 19 de janeiro de 2013

Feedback Divino



O dia há muito terminara.

Livros, capítulos, versículos, comentários, artigos espalhados sobre a mesa disputavam minha atenção com o notebook. Já era tarde, mas precisava terminar o estudo para a lição da aula no domingo.
Os olhos pesaram, o corpo pesou. Era o limite.
Verifiquei as portas e janelas.
Fechadas!
Verifiquei o quarto das crianças.
Todos dormindo.
A esposa já muito ressonava.
Agora era a minha vez...

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Certo dia houve um feedback divino...
O grupo reunido inquietava-se com o Mestre, Ele parecia distante e despreocupado, embora houvesse certa algazarra dos que se confraternizavam em torno d’Ele.
Então fitando-os perguntou de pronto:
- Que diz o povo que sou?
O silêncio foi geral!
Até que certo burburinho começou a ser ouvido no meio daquela pequena multidão, e corajosamente um se adiantou e disse:
- Uns dizem que divides a história, outros que és um iluminado, há quem diga que fundastes uma religião e, coitados, tem aqueles que dizem que não existes.
Comentários baixinhos foram ouvidos, assim como impropérios, indignações e palavras de ira, e teve até quem amaldiçoou tais homens descritos.
- Hereges! – alguém bradou.
- Condenados! – seguiu outro, e os demais acompanharam:
- Filhos do mal!
- Infames!
- São uns trouxas!
- Judas!
- Quero dar na cara deles!
Mas o Mestre nada disse.
Manteve-se em silêncio por um tempo...
Então decidiu quebrá-lo, e novamente pergunta:
- Mas, e vós? Que dizeis que sou?
Silêncio...
Todos se entreolhavam.
Em seus olhos acusações, desprezos, preconceitos, indiferença...
Então, alguém com tiara na cabeça e cajado de ouro na mão adianta-se e responde:
- Não sei estes aí, mas nós sabemos quem és e assim anunciamos.
- E o que dizes que eu sou?
- Ora, és o Cristo de Deus, como Pedro declarou, nós assim declaramos e fomos construídos na rocha que nos destes e nos exemplos de tua mãe.
- Minha mãe? Nunca lestes que minha mãe, irmão e irmã são todos aqueles que fizerem a minha vontade?!? Quem te mandou construir em Pedro? Logo não és minha Igreja e sim de Pedro, a ele buscais e vede se te respondes.
Risinhos abafados foram contidos pelo olhar penetrante do Mestre.
- E vós? Que dizeis?
A confusão foi formada, a balbúrdia tomou conta do grande grupo, pois, mesmo sabendo a resposta de maneira simplista, escapava-lhes a essência, ou o confessar vinha tão somente de enganosos lábios.
- És o Salvador!
- Redentor! – aludiu outro.
- Aquele que me fez prosperar – disse um com uma Bíblia de ouro nas mãos.
- És o Senhor!
- És o Filho de Deus!
Mas, Ele sabia que eram respostas aprendidas e repetidas sem a menor dimensão interior de ninguém.
Ele, então, com os olhos flamejantes e com a voz de trovão:
- VÓS verdadeiramente quem dizeis que sou???
Espanto. Temor e tremor.
Os grupos se dividiram e a confusão foi maior ainda.
Uns recitaram o Credo, o Pai Nosso, Ave Maria.
Outros tentaram faze uma exegese.
Havia quem quisesse decidir numa assembléia.
Fizeram petição ao Presbitério.
Teve quem quis escrever um livro para os seus fiéis comprarem.
Alguns organizavam a resposta: 1º ponto isso; 2º ponto aquilo; 3º ponto...

"Apóstolos" realizaram "atos proféticos".
Havia muito barulho, porque um enorme ajuntamento respondia somente em sons ininteligíveis: cantalabaxouriá, alalababababa, prantalourixiba, etc.
- Basta!
Bradou o Mestre com voz de trovão e fez-se grande silêncio.
- Sou a Rocha! O Cristo! Aquele que caminha por entre a Igreja! Aquele que conhece as obras de cada um, pois não examino como o homem examina, porque conheço o interior de todos vocês.
Levantou os olhos aos céus, suspirou. Fitou novamente a multidão atônita e trovejou.
- O tempo está próximo! Arrependei-vos e crede no Evangelho de Deus. Adorai ao Senhor em espírito e em verdade, pois eis que certamente venho sem demora.
Foi um santo rebuliço.
Quem ostentava a tiara na cabeça e o cajado de ouro na mão, lançou-os longe, prometendo transformar o Vaticano em abrigo para o sem lar.
Trocaram os paletós de fino livro e as gravatas de última moda em vestes de santa humildade.
Imagens e ídolos foram destruídos e seus entulhos reciclados para um melhor proveito.
Suntuosas catedrais, construídas com o sangue, suor e labuta dos fiéis e dos discursos performáticos dos emplumados líderes vieram a baixo ou deram lugar a construções mais uteis.
Doutores em divindades voltaram ao jardim de infância da fé.
Os milionários da fé abriram seus cofres e construíram hospitais e escolas.
O discurso do ódio virou anuncio da salvação.
O criticismo pediu perdão e perdoou, tornando-se uma benção.
A indústria financeira em nome de Deus desligou seus mecanismos manipulatórios e cessou seus pregões.
O mundo gospel rasgou não suas vestes, mas seus interiores e em lágrimas verdadeiras louvou o Senhor em vez de seus próprios egos, adorou a Deus e não mais o homem.
Todas as flâmulas foram derribadas e uma só bandeira ergueu-se no mundo: A IGREJA DO SENHOR JESUS.

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Pam...pam....pam...pam...pam...pam...pam...pam...
05:30 da manhã avisava estressadamente o despertador.
Ainda sonolento olhei pela janela do prédio, mas as catedrais ainda estavam lá.
Fora um sonho!
Havia estudado até tarde a lição da EBD no livro de Apocalipse.
Mas, ainda há esperança.
Maranata!
Vem Senhor Jesus! 
    
N’Ele, que certamente vem.         

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

(Desac) Atos Profèticos


E naamã indignou-se com o profeta Eliseu (2º Reis 5.1-14).
Afinal, ele fizera uma longa e penosa viagem, ainda mais se for considerada a sua saúde e os compromissos de Estado que lhe pesavam, e como se não bastassem ter que desconsiderar todos os seus deuses, seus ídolos petrificados em madeira e ouro. Havia ainda o inconveniente de recorrer a um povo em eterna inimizade com o seu, e que já havia sido derrotado nas muitas batalhas entre os reis.
Não era qualquer um que chegara ali, defronte a pobre cabana, destituída de luxo e que em nada se coadunava com as descrições dos seus feitos e com o alcance de sua fama. Ele, poderoso general, homem da confiança do rei sírio, de entradas e saídas militares vitoriosas, homem repleto de honra e glórias humanas. Não era um simplório, um barnabé qualquer, era homem de posses e trazia fortunas e caros presentes, além de grande comitiva militar.
Era, no entanto, um mero leproso.
Viera na pista dada por uma jovenzinha cativa nos muitos assaltos à terra de Israel e que lhe servia nos trabalhos domésticos como escrava. Trouxera cartas de recomendação, um protocolo diplomático entre os reis da Síria e de Israel, demonstrando o caráter e a importância do homem e daquela missão, o que causou apreensão e desespero no palácio de Jerusalém, mas não fora suficiente para fazer sair o profeta de seus aposentos.
Irou-se Naamã contra o homem de Deus!
Pois, agora, ele estava ali, diante daquele humilde casebre, e o tão procurado homem de Deus não levou em conta sua posição, sua carta de recomendação, sua numerosa e belicosa comitiva, seu dinheiro e os valiosos presentes que trouxera. Nem seque saíra ao seu encontro para saldá-lo como rezava as tradições e como recomendava a diplomacia. Não houve um ritual religioso, não houve uma consulta teatral ao divino, nenhum espalhafatoso transe místico, nenhum ato profético se deu.
E assim, sem manifestações xamânticas, sem liturgias, sem mantras, nem mesmo “oração de poder”, nem decretos humanos para que Deus assine depois. Nada!
Não houve nenhum ato profético, antes um verdadeiro desacato!
Mergulhar sete vezes no Jordão.
- Tomar banho!?? Neste rio inconveniente? Acaso não há rios melhores em minha terra?
Porém, na simplicidade da obediência a Palavra que provém de Deus a transformação miraculosa se deu no corpo apodrecido do grande comandante sírio.
Sem preço.
Sem barganha.
Sem pressões psicológicas.
Sem ufanias denominacionais.
Sem parafernálias religiosas.
Sem a vergonha dos putrefatos profetas que profanam a Palavra do Deus da Palavra.
Como não ficar nauseado diante das inovações grotescas e os rituais medievais que procuram se inserir no seio da Igreja Evangélica de hoje. Como não sentirmos repulsas ao perceber a necessidade do esdrúxulo, da manipulação emotiva, da necessidade de citar a presença diabólica nas mensagens sufocando a liberdade do Evangelho garantida pelo Espírito Santo.
Minha fé é pequena.
Só creio na Bíblia e no Deus da Bíblia. Não tenho outro Salvador que não seja o Senhor Jesus Cristo. Não tenho outro guia que não seja o Espírito Santo.
Perdoem-me a minha pobreza em não conseguir crer em outro “evangelho”, nem mesmo se um anjo descer do céu para pregá-lo.
Desculpem-me, mas as Escrituras são as lâmpadas dos meus pés, e a luz do meu caminho.
Lamento, mas meu Deus me escuta mesmo quando não falo palavra alguma.
Perdoem-me, mas nenhuma maldição hereditária me acompanha, pois meu Senhor me libertou de toda maldição e o que habita em mim é maior do que o que no mundo habita.
Desculpem-me, mas não posso decretar coisa alguma, porém, vivo pelos Decretos Eternos de Deus.
Lamento, mas dispenso qualquer ato profético, mesmo que em memorial para simbolizar o que é ordenado por Jesus, meu Senhor e Cristo, como perdão, amor, fé e esperança.
Desculpem-me, mas não suporto o show das técnicas psicológicas usadas nos ditos “atos proféticos” que se espalham pelo Brasil transformando a Igreja num espetáculo de crendices medievais, desconstruindo o que a fiel e poderosa Palavra de Deus determina em suas páginas.
Não precisamos de shows, espetáculos circenses, atos pitorescos, chamados psicologizados. Só precisamos crer, obedecer, viver no Evangelho que Cristo nos legou, caminhado passo a passo, de fé em fé, rumo ao alvo, ao prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus, nosso Senhor.

N’Ele, que na cruz pagou nossa dívida e na estrada é o Caminho.