E naamã indignou-se com o profeta Eliseu (2º
Reis 5.1-14).
Afinal, ele fizera uma longa
e penosa viagem, ainda mais se for considerada a sua saúde e os compromissos de
Estado que lhe pesavam, e como se não bastassem ter que desconsiderar todos os
seus deuses, seus ídolos petrificados em madeira e ouro. Havia ainda o
inconveniente de recorrer a um povo em eterna inimizade com o seu, e que já
havia sido derrotado nas muitas batalhas entre os reis.
Não era qualquer um que
chegara ali, defronte a pobre cabana, destituída de luxo e que em nada se
coadunava com as descrições dos seus feitos e com o alcance de sua fama. Ele,
poderoso general, homem da confiança do rei sírio, de entradas e saídas
militares vitoriosas, homem repleto de honra e glórias humanas. Não era um
simplório, um barnabé qualquer, era homem de posses e trazia fortunas e caros
presentes, além de grande comitiva militar.
Era, no entanto, um mero
leproso.
Viera na pista dada por uma
jovenzinha cativa nos muitos assaltos à terra de Israel e que lhe servia nos
trabalhos domésticos como escrava. Trouxera cartas de recomendação, um
protocolo diplomático entre os reis da Síria e de Israel, demonstrando o
caráter e a importância do homem e daquela missão, o que causou apreensão e desespero
no palácio de Jerusalém, mas não fora suficiente para fazer sair o profeta de
seus aposentos.
Irou-se Naamã contra o homem
de Deus!
Pois, agora, ele estava ali,
diante daquele humilde casebre, e o tão procurado homem de Deus não levou em
conta sua posição, sua carta de recomendação, sua numerosa e belicosa comitiva,
seu dinheiro e os valiosos presentes que trouxera. Nem seque saíra ao seu
encontro para saldá-lo como rezava as tradições e como recomendava a
diplomacia. Não houve um ritual religioso, não houve uma consulta teatral ao
divino, nenhum espalhafatoso transe místico, nenhum ato profético se deu.
E assim, sem manifestações
xamânticas, sem liturgias, sem mantras, nem mesmo “oração de poder”, nem
decretos humanos para que Deus assine depois. Nada!
Não houve nenhum ato
profético, antes um verdadeiro desacato!
Mergulhar sete vezes no
Jordão.
- Tomar banho!?? Neste rio
inconveniente? Acaso não há rios melhores em minha terra?
Porém, na simplicidade da
obediência a Palavra que provém de Deus a transformação miraculosa se deu no
corpo apodrecido do grande comandante sírio.
Sem preço.
Sem barganha.
Sem pressões psicológicas.
Sem ufanias denominacionais.
Sem parafernálias religiosas.
Sem a vergonha dos putrefatos
profetas que profanam a Palavra do Deus da Palavra.
Como não ficar nauseado
diante das inovações grotescas e os rituais medievais que procuram se inserir no
seio da Igreja Evangélica de hoje. Como não sentirmos repulsas ao perceber a
necessidade do esdrúxulo, da manipulação emotiva, da necessidade de citar a presença diabólica nas
mensagens sufocando a liberdade do Evangelho garantida pelo Espírito Santo.
Minha fé é pequena.
Só creio na Bíblia e no Deus
da Bíblia. Não tenho outro Salvador que não seja o Senhor Jesus Cristo. Não
tenho outro guia que não seja o Espírito Santo.
Perdoem-me a minha pobreza em
não conseguir crer em outro “evangelho”, nem mesmo se um anjo descer do céu
para pregá-lo.
Desculpem-me, mas as
Escrituras são as lâmpadas dos meus pés, e a luz do meu caminho.
Lamento, mas meu Deus me
escuta mesmo quando não falo palavra alguma.
Perdoem-me, mas nenhuma
maldição hereditária me acompanha, pois meu Senhor me libertou de toda maldição
e o que habita em mim é maior do que o que no mundo habita.
Desculpem-me, mas não posso
decretar coisa alguma, porém, vivo pelos Decretos Eternos de Deus.
Lamento, mas dispenso
qualquer ato profético, mesmo que em memorial para simbolizar o que é ordenado
por Jesus, meu Senhor e Cristo, como perdão, amor, fé e esperança.
Desculpem-me, mas não suporto
o show das técnicas psicológicas usadas nos ditos “atos proféticos” que se
espalham pelo Brasil transformando a Igreja num espetáculo de crendices
medievais, desconstruindo o que a fiel e poderosa Palavra de Deus determina em suas páginas.
Não precisamos de shows,
espetáculos circenses, atos pitorescos, chamados psicologizados. Só precisamos
crer, obedecer, viver no Evangelho que Cristo nos legou, caminhado passo a
passo, de fé em fé, rumo ao alvo, ao prêmio da soberana vocação em Cristo
Jesus, nosso Senhor.
N’Ele, que na cruz pagou
nossa dívida e na estrada é o Caminho.
Tudo o que sempre quis dizer, confessar e declarar, mas não tinha a retórica certa para me fazer ouvir. Faço minhas essas palavras.
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