segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

(Desac) Atos Profèticos


E naamã indignou-se com o profeta Eliseu (2º Reis 5.1-14).
Afinal, ele fizera uma longa e penosa viagem, ainda mais se for considerada a sua saúde e os compromissos de Estado que lhe pesavam, e como se não bastassem ter que desconsiderar todos os seus deuses, seus ídolos petrificados em madeira e ouro. Havia ainda o inconveniente de recorrer a um povo em eterna inimizade com o seu, e que já havia sido derrotado nas muitas batalhas entre os reis.
Não era qualquer um que chegara ali, defronte a pobre cabana, destituída de luxo e que em nada se coadunava com as descrições dos seus feitos e com o alcance de sua fama. Ele, poderoso general, homem da confiança do rei sírio, de entradas e saídas militares vitoriosas, homem repleto de honra e glórias humanas. Não era um simplório, um barnabé qualquer, era homem de posses e trazia fortunas e caros presentes, além de grande comitiva militar.
Era, no entanto, um mero leproso.
Viera na pista dada por uma jovenzinha cativa nos muitos assaltos à terra de Israel e que lhe servia nos trabalhos domésticos como escrava. Trouxera cartas de recomendação, um protocolo diplomático entre os reis da Síria e de Israel, demonstrando o caráter e a importância do homem e daquela missão, o que causou apreensão e desespero no palácio de Jerusalém, mas não fora suficiente para fazer sair o profeta de seus aposentos.
Irou-se Naamã contra o homem de Deus!
Pois, agora, ele estava ali, diante daquele humilde casebre, e o tão procurado homem de Deus não levou em conta sua posição, sua carta de recomendação, sua numerosa e belicosa comitiva, seu dinheiro e os valiosos presentes que trouxera. Nem seque saíra ao seu encontro para saldá-lo como rezava as tradições e como recomendava a diplomacia. Não houve um ritual religioso, não houve uma consulta teatral ao divino, nenhum espalhafatoso transe místico, nenhum ato profético se deu.
E assim, sem manifestações xamânticas, sem liturgias, sem mantras, nem mesmo “oração de poder”, nem decretos humanos para que Deus assine depois. Nada!
Não houve nenhum ato profético, antes um verdadeiro desacato!
Mergulhar sete vezes no Jordão.
- Tomar banho!?? Neste rio inconveniente? Acaso não há rios melhores em minha terra?
Porém, na simplicidade da obediência a Palavra que provém de Deus a transformação miraculosa se deu no corpo apodrecido do grande comandante sírio.
Sem preço.
Sem barganha.
Sem pressões psicológicas.
Sem ufanias denominacionais.
Sem parafernálias religiosas.
Sem a vergonha dos putrefatos profetas que profanam a Palavra do Deus da Palavra.
Como não ficar nauseado diante das inovações grotescas e os rituais medievais que procuram se inserir no seio da Igreja Evangélica de hoje. Como não sentirmos repulsas ao perceber a necessidade do esdrúxulo, da manipulação emotiva, da necessidade de citar a presença diabólica nas mensagens sufocando a liberdade do Evangelho garantida pelo Espírito Santo.
Minha fé é pequena.
Só creio na Bíblia e no Deus da Bíblia. Não tenho outro Salvador que não seja o Senhor Jesus Cristo. Não tenho outro guia que não seja o Espírito Santo.
Perdoem-me a minha pobreza em não conseguir crer em outro “evangelho”, nem mesmo se um anjo descer do céu para pregá-lo.
Desculpem-me, mas as Escrituras são as lâmpadas dos meus pés, e a luz do meu caminho.
Lamento, mas meu Deus me escuta mesmo quando não falo palavra alguma.
Perdoem-me, mas nenhuma maldição hereditária me acompanha, pois meu Senhor me libertou de toda maldição e o que habita em mim é maior do que o que no mundo habita.
Desculpem-me, mas não posso decretar coisa alguma, porém, vivo pelos Decretos Eternos de Deus.
Lamento, mas dispenso qualquer ato profético, mesmo que em memorial para simbolizar o que é ordenado por Jesus, meu Senhor e Cristo, como perdão, amor, fé e esperança.
Desculpem-me, mas não suporto o show das técnicas psicológicas usadas nos ditos “atos proféticos” que se espalham pelo Brasil transformando a Igreja num espetáculo de crendices medievais, desconstruindo o que a fiel e poderosa Palavra de Deus determina em suas páginas.
Não precisamos de shows, espetáculos circenses, atos pitorescos, chamados psicologizados. Só precisamos crer, obedecer, viver no Evangelho que Cristo nos legou, caminhado passo a passo, de fé em fé, rumo ao alvo, ao prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus, nosso Senhor.

N’Ele, que na cruz pagou nossa dívida e na estrada é o Caminho.

Um comentário:

  1. Tudo o que sempre quis dizer, confessar e declarar, mas não tinha a retórica certa para me fazer ouvir. Faço minhas essas palavras.

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