quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Depois da Tempestade





"Nem sempre segue a bonança, mas contabilizar as perdas é certo"


Passada as eleições (ao menos onde não terá o 2º turno) é hora de juntar os cacos.
Quantas “profecias” não cumpridas.
Quantos “homens de deus” sem ter onde por a cara.
Quantas “igrejas” manchadas.
Quantos “rebanhos” divididos.
Quanta vergonha ao Nome do Senhor.
Os judeus levavam a sério o mandamento de não tomar o Nome do Senhor em vão. Eles geralmente se escandalizam com o modo vão, corriqueiro, inútil e até mesmo vil de usarmos o nome que simboliza o que entendemos de mais sagrado. É claro que usar o Nome do Senhor em vão não se trata apenas da pronunciação do nome em si, mas de como fazemos dele um elemento no jogo de ganha e perde de nosso dia a dia. Usar o Nome do Senhor em vão é quanto se acorda tendo-o por testemunha e descumprem-se o acordado, quando se prega e não se vive, quando se usa o Nome para fins pessoais e egoístas.
E em “nome de Jesus” se decretou vitórias de uns, derrotas para outros.
E em “nome de Jesus” se determinou territórios ungidos.
E em “nome de Jesus” se barganhou rebanhos.
E em “nome de Jesus” se negociou acordos.
Em nome de Jesus...
Não devemos ser apolíticos, precisamos saber como está o mundo a nossa volta e ter compromissos com a sociedade em que estamos inseridos para a transformação pelos princípios da Palavra. Não podemos viver de “glórias e aleluias” alienados das questões que angustiam a cidade em vivemos. Até porque, quando o Cristo nos encontra e faz morado em nosso ser, começamos a enxergar o outro e suas necessidades. O egoísmo deve dar lugar ao altruísmo cristão.
O que não devemos é fazer política do mesmo modo, com os mesmos recursos indignos, com os mesmos acordos espúrios, as mesmas atitudes nefastas das raposas alojadas em nossa república. Por que vencer a qualquer custo? Por que render-se ao mercado da politicagem? Por que os “crentes” precisam participar de comemorações que procuram ridicularizar os adversários?
Deveríamos ser diferentes.
Mas... os cacos estão espalhados... se ao menos fossem corações quebrantados, em vez  dos embates entre vencidos e vencedores.
Ninguém me contou, sei dos casos de profunda desunião entre os irmãos por conta das escolhas partidárias. Lamentável.
Estou triste!
Muito triste.
Devemos ser uma comunidade unida por laços fraternos de fé, amor e esperança. Devemos desenvolver o cuidado com as pessoas e devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua Justiça. No entanto, perdemos ricas oportunidades de discutimos, sem preconceitos ou paixões políticas irracionais as demandas de nosso município frente às propostas dos candidatos e assim, examinarmos a mais real e verossímil, além de escrutinar os candidatos, seus históricos e filosofia de vida, para assim pensarmos um apoio, e isso longe do púlpito, pois é o lugar de exposição da Palavra não de discursos e propagandas. E sabendo que isso é apenas um dos passos primordiais para a cidadania.
Mas, o que vimos, foi frustrante, e como dói ver “igrejas” caindo no canto das raposas, encantadas em poder está tão próximas do poder.
Porém, eu tenho esperança.
Já disseram que eu sou um sonhador.
Prefiro sonhar, embora com os pés no chão, afinal: “quem não sonha não vive”, já dizia Ariano Suassuna.
Lembro-me do ultimo evento da campanha. Presenciei porque passou em minha rua e do segundo andar onde moro tenho uma ampla visão, que talvez fosse melhor não ter, pelo menos naquele dia. Eis que diviso em meio à multidão uma figura peculiar. De paletó e gravata, Bíblia de um lado da axila, com uma bandeira do “Povo Santo” numa das mãos agitando e pulando, junto com a multidão estava um intitulado pastor.
Não!
Não teria sido um pesadelo?
Uma dessas visagens?
Um delírio?
Não era.
Era real. Verdadeiro.
Não achei graça nenhuma!
Derruba pessoas no cai-cai do paletó, capaz de pulos e gritos espirituais incríveis, falar línguas de todo tamanho, e é incapaz de discernir um comportamento inadequado. Seguia os trios em êxtase num desserviço ao Evangelho.
O alívio é que a língua dos votos era outra, e ele não viu, nem ouviu (tirem suas conclusões).
Inseri esse fato no texto por achá-lo emblemático, e quero crer que foi isolado, pois, minha intenção era de uma reflexão na maneira dos evangélicos manifestarem-se na política.
A política de um povo santo deve ser no mínimo santa.

N’Ele, que elegeu seu povo antes da fundação do mundo.

P.S: Se em sua comunidade se deu o diferente, a reflexão do momento com responsabilidade e serenidade, desconsidere o texto, ele fala da realidade conhecida pelo autor. 

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