“O temor do Senhor é o princípio do saber” Pv 1.3
Abomino qualquer tipo de ditadura, até
mesmo aquelas que se fazem obtusas e recheadas de subterfúgios praticadas em
muitas “igrejas” pelo Brasil. Desde cedo aprendi a desejar a democracia como
bem inegociável do povo, a amá-la como parte fundamental da existência de uma
nação e a defendê-la como uma conquista inerente e indispensável para a
construção da cidadania.
Cidadania.
Palavra enigma que nos seduzia e nos
fazia sonhar com nossa pátria sendo o estandarte de tão magnífica gente e
terra: a nação cidadã, cujo bem entesourável é o seu povo, fundamento e base
pelo qual se constitui significados e re-significados de símbolos pátrios e
aplicabilidade de qualquer lei.
E assim suspirávamos naqueles anos em que
a ditadura agonizava e nos ares, sentia-se “o cheiro de uma nova estação”.
Junto com a locomotiva democrática seguia os vagões da liberdade de expressão,
de uma sociedade mais justa, cooperativa e de amplas oportunidades. O mundo
veria o renascimento de uma nação que foi destinada a desbravar ódios, rancores
e preconceitos, pois nossa gente e nossa terra e “amiga de todas as nações”.
Democracia em si já é um termo difícil de
conceituar empiricamente, porém, quem experimentou o esmagamento torturante de
uma ditadura cruel, irá facilmente defini-la. Mas, em tese é complicado, embora
a definição mais aceita seja a de um governo exercido pelo povo e tendo várias
formas para que isso aconteça. No entanto, na real, democracia é mais do que
uma simples forma de definir governos, ela é uma construção de vida (pelo menos
deve ser), depende para isso de muitos fatores e o povo, em geral, precisa de
conscientização que para construí-la é indispensável SER cidadão, e isso,
implica direitos e DEVERES para todos.
Porem, tudo ficou um bocado triste!
É que estamos confundindo democracia com
opinião pública, e erramos mais ainda quando a medimos apenas em ano eleitoral,
ou quando há pesquisas de aprovação deste ou daquele gestor público e só.
E as eleições, outdoor de nossa
democracia virou um jogo frustrante de muitas cartas marcadas. Praticamente não
escolhemos os candidatos, é a competência da mídia e das empresas de marketing
eleitoral que o fazem. Assusta-me perceber que grandes conglomerados midiáticos
estão nas mãos de grupos políticos e que facilmente inclina seu público para
acatar seus objetivos, basta usar com um pouco de eficiência a PNL.
Por todos os rincões de nossa pátria as
oligarquias se apossaram do poder que “para o povo deveria ser exercido”, mas
ele, o povo, tem ficado ao largo das prioridades políticas, e a lei parece
jamais alcançá-los. Temos até a impressão que se tornaram inimputáveis.
Falta racionalidade, vamos para as urnas
como quem vai assistir ao jogo de futebol, e a paixão partidária se confunde
com o amor irrefletido aos clubes, enquanto nossas cidades se arrastam em
atrasos e desmandos que desanimam até a alma mais progressista. O povo acaba
contribuindo com esse quadro, quando deixamos de pensar como povo (um todo),
para pensar egoisticamente e querer apenas “se dar bem”, o município que se
lixe!
Certa vez ouvi de um eleitor a fatídica e
irresponsável frase: “Não votei nele para administrar bem. Votei, para ele
ganhar a eleição”.
Como é triste nossa democracia!
Nela, se escondem e se disfarçam muitas
ditaduras.
Leis e trâmites incompreensíveis,
acachapante carga tributária, corrupção jorrando como esgoto a céu aberto,
criminalidade a solta e cidadãos presos, julgamentos intermináveis para crimes
tão comuns, má administração como praga contagiante espalhando-se pela nação e
a burocracia institucionalizada como marca brasileira emperrando o crescimento.
É até estranho que um dos princípios
elementares do fortalecimento democrático, a alternância do poder, não funciona
bem em nossos rincões, mas, fragiliza e encarece a administração pública, pois
quando um é eleito, desmancha tudo que o outro fez e assim sucessivamente.
Mas, o povo canta nos arrastões e isso é
só o que importa.
Ainda assim, prefiro a democracia a
qualquer ditadura. Precisamos, é claro! Melhorar e aperfeiçoar o que
conquistamos e nunca desprezar os triunfos do povo. A democracia só é possível
com cidadania, que por sua vez é feita quando os acessos a saúde, educação e
justiça tornam-se uma realidade palpável a qualquer um.
A democracia é feita de cidadãos livres,
porém, jamais estáticos.
Isto serve também, para as “igrejas”,
pois muitas delas são verdadeiros feudos anti-democráticos.
N’Ele, que tem o governo sobre os seus
ombros.
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