Os ditos evangélicos saíram com garra ao campo!
Quem dera fosse os campos
branquejados para ceifa. Quem dera fosse os lugares de difícil penetração do
cristianismo, onde ser Igreja é uma constante ameaça a segurança pessoal. Quem dera
fosse em prol de um movimento de moralidade e re-avivamento espiritual
começando em suas próprias vidas, depois “igrejas” e sociedade. Quem dera fosse
por causa do Reino e de seu Rei...
Quem dera...
As praças e ruas foram
tomadas pelas turbas embriagadas de populismo demagogo, promessas de ódios,
guerra de informações e favores “panis et
circeses” que deixa em xeque nossa propalada democracia oligárquica e
midiática. Agora, com um novo e inusitado elemento em meio à trama (nem tão
novo assim), a presença maciça, colorida e “ungida” dos “crentes” enfeitando as
passeatas, mas enojando a fé.
Não que eu seja um apolítico,
ou alguém avesso a política, ou ainda que possua fobia a política, não é isso. Tenho
ojeriza ao que ela tem se tornado e como os modernos “senhores de engenho” se
utilizam de sua força de trabalho para conseguir a posse de parte do poder em
nossa estrutura republicana. Sempre defendi que a cosmovisão evangélica
percebesse as questões sociais a sua volta e fosse um farol a comunidade /
sociedade na qual se está inserida, e esse exercício de existência comunitária
se dá com conscientização política. Viver “igreja” sem considerar o que se
passa em seu município, estado, país é uma alienação, é um evangelho platônico
e irreal, é uma ilusão dopante que anestesia nossa capacidade de discernir
tempos e épocas.
No entanto, é preciso saber o
que se defende o que se projeta qual a razão / propósito dessa afinidade político
partidária, de que forma o Senhor será glorificado nessa conjunção de acordos
escusos e escandalosos privilégios. O que mais se tenho ouvido é que tais
candidatos irão representam a “igreja” e as questões ligadas aos evangélicos. Ledo
engano, a grande maioria defende apenas um projeto pessoal e mesquinho, ou é o
braço político de um império chamado “igreja tal e tal”.
E quando a irracionalidade
religiosa ganha proporções decisivas num estado laico, torna-se um jogo
perigoso para democracia. Sempre que aconteceu a união, Estado - Igreja na
história, ela foi nociva e degradante para o povo. Desde as Cidades-Estado da
antiguidade, os grandes impérios, passando pelo catolicismo medieval aos
modernos Estados Mulçumanos, essa mistura tem sido perigosa, explosiva e
tirânica. Observo com preocupação os nossos emplumados líderes espalhando seus
tentáculos pelo poder sem nenhuma preocupação com a república (coisa pública),
mas apenas focados em alcançar posições palacianas ou espraiar sua influência e
fortuna, perpetuando-se no poder, tanto religioso quanto político.
Cuidado Brasil com esses “homens
de deus” no poder!
Não quero uma nação islâmica,
nem catolinizada, muito menos protestantizada. Não quero a minha nação
comprometida com nenhum segmento religioso. Prefiro o Estado Laico! O Estado
tem que se comprometer com o direito, a justiça, o cuidado com o povo, seja ele
de qualquer credo religioso. Como eleitores, temos que exigir o cumprimento das
leis, a aplicação dos recursos públicos de forma que venhamos receber o fruto
dos impostos pagos, que por sinal são astronômicos e injustos. Como eleitores,
temos que exigir paz social e não guerra religiosa.
Quem dera os “evangélicos” fossemos
democráticos e fiscalizadores do poder pátrio como são resolutos em suas
demonstrações místicas.
O que temos, então, pastores que
se associam a velhas raposas e emprestam sua figura e imagem aos guias
eleitorais, usando sua gente como massa de manobra e poder de barganha. Os irmãozinhos
ganham as ruas como cabos eleitorais abraçando com sua simplicidade as decisões
de seus líderes, mesmo sem entenderem bem o porquê delas.
Como se não bastasse os
profissionais da política que transformaram os cargos eletivos em possessão
hereditária, muitos “líderes” religiosos (os evangélicos descobriram esse veio)
embarcaram na onda do poder pelo poder, abençoados pelo povo alienado e
psicologicamente cativos de seus favores com o “divino”.
Talvez não devesse estar
falando sobre isso. Uma vez que muitos políticos, dependendo do cargo possuem
imunidade, os “líderes evangélicos” possuem imunidade eclesiástica: “Não toque
no ungido”.
Tô ferrado!!!
N’Ele, que é fogo consumidor.
P.S: Peguei emprestado uma citação do irmão André Pensil e sua perspicácia para construir o pensamento deste artigo.
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