“A intimidade do é para os que o temem, aos quais Ele dará a conhecer a sua Aliança”
(Salmos
25.14)
Semana passada, fui surpreendido por um
irmão de fé, que estomagado, reclamava dos informes missionários em sua
comunidade sobre a Igreja Perseguida. Incrédulo, ouvi toda a queixa em
silêncio. Nenhum dos fatos noticiados havia lhe provocado um senso de
fraternidade capaz de calar o coração, sempre disposto em buscar as bênçãos,
mas inerte na solidariedade aos irmãos castigados pela perseguição cristofóbica
crescente no mundo.
Hoje, ao falar do Evangelho para algumas
pessoas, e ao responder algumas questões sobre a vida dos mártires e a
simplicidade da vida cristã, alguém interrompeu: “Não quero! Não quero um Deus
que não me garanta boa vida aqui neste mundo”. Calei-me por alguns instantes e
depois respondi que a salvação em Cristo é o bem maior e a vida eterna a benção
incomparável e verdadeira da promessa de Cristo.
Mas, juntando esse a outros fatos
parecidos em minhas caminhadas e conversas evangelizadoras pela cidade, fiquei
pensativo e de coração machucado pelo “evangelho anunciado” e pelo “evangelho
confessado” de nossa gente.
O “evangelho anunciado” tem gerado
expectativas meramente terrenas e fugazes, tem criado esperanças financeiras ou
tão somente de problemas resolvidos, além de imitar pensamento – reflexão,
produzindo, assim, a alienação dos valores eternos, a rejeição ao caminho
estreito e espinhoso, além do abandono da cruz.
Quão frágil é a fé construída basicamente
em milagres e que não é besuntada com a Palavra da Verdade e da Vida. Quão
perigosa é a convicção de quem não pensa racionalmente a sua fé e não a
solidifica no conhecimento e no poder de Deus. Quão inútil é a fé expressa
neste mundo apenas e que não atravessa os portões eternos.
O “evangelho confessado” não tem abraçado
os mandamentos de Cristo. Estamos observando apenas até onde os nossos muros
chegam, e quando erguemos um pouco nossa visão é para admirar a grama alheia e
não para exercer a solidariedade na dor. O problema dos outros é deles, ninguém
tem nada a ver com isso. E assim, a Igreja que é mais organismo que
instituição, que é corpo e não um mero associativismo, que é morada do Pai,
virou lugar comum onde se barganha as vitórias.
Quão falso é o evangelho sem a cruz que
busca freneticamente o bem estar de seu grupo alienado do CORPO. Quão enganoso
é o evangelho líquido de mercado, deverás empreendedor e tão pouco fraterno.
Quão maligno é o evangelho de resultados, pragmático, transforma gente em
número e evangelismo em marketing.
No entanto, sei que há quem
verdadeiramente busque quebrantar o coração.
Posto que coração quebrantado não é a
costumeira prática religiosa de vitimizar-se, comiserar-se, compungindo o
coração numa manifestação lacrimosa e cheia emocionalismo, sem contudo,
produzir mudanças em si e em seu meio (Rm 12.1-2).
Não há quebrantamento de coração sem
levar em conta a Deus, ofendido pelos nossos pecados e iniqüidades, e ao nosso
próximo, sentindo fraternalmente a dor que lhe cabe, e solidarizando-se com o
peso da cruz que lhe enverga.
Bem define Kivitz: “Coração quebrantado é um coração que recebe o coração de Deus”.
N’Ele, que quebranta o nosso coração para
a solidariedade da Igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário