Quando fui convertido por Deus procurei, assim como todo novo convertido fazia, pelo menos daquela geração, ler e conhecer o Livro pelo qual tornava os crentes uma comunidade bastante peculiar em meio à massa da cidade, ou seja, a Bíblia.
Se bem
que o meu contato com o Livro Sagrado se deu ainda infância, mesmo sem dominar
a leitura, numa Bíblia luxuosamente ilustrada que era vendida em fascículos
semanais, nas bancas de revistas e que meu irmão mais velho colecionava, creio
que era uma publicação da lendária TIME – LIFE.
Essa Bíblia
era um espetáculo!
As
ilustrações, verdadeiras obras de arte, o texto era adaptado para uma leitura
fluida como num romance, a qualidade excelente do papel e o colorido cauteloso
nos convidava a uma viagem à terra das histórias contidas ali. Aquela
publicação me fascinou e não havia dia em que não a folheasse.
Já
adolescente, ganhei um Novo Testamento dos Gideões Internacionais e havia uma
Bíblia de publicação católica em minha casa onde lia esporadicamente e
aleatoriamente, sem muito interesse. Foi por causa dos crentes que decidi ler,
e foi para combatê-los em seu campo e em seu conhecimento.
Não deu
certo!
Fui
ganho pela Palavra.
Não
pelos crentes.
Nem
precisou de evangelizadores proselitista. No meu caso bastou a Palavra, não
posso doutrinar para outros, o que foi uma experiência individual, embora possa
afirmar que proselitismo nada ajuda na evangelização.
Onde
pretendo chegar?
Nunca
me decepcionei com a Palavra de Deus, nunca deixei que novas doutrinas,
ortodoxias modernas ou não, conceitos denominacionais e teólogos encantados
consigo mesmo fizessem a Bíblia perder o valor vital para minha vida. Olha que
as batalhas têm sido muitas, pois ela continua sendo o alvo predileto de ateus,
liberais, católicos, filósofos, intelectuais e evangélicos descontextualizados
e pretextualizados.
Não é
novidade o eterno debate com os ateus, gnósticos e certos intelectuais em nosso
dia a dia, muitos desses encontros já registrei até em tom poético. Isso por
conta, em geral, do olhar humanístico que lançam sobre as Sagradas Escrituras,
o que os impede de compreender a dimensão e inspiração divina nela contida.
Durante
alguns anos convivi com um debate não declarado com um grupo de simpáticos
espíritas nas tardes de sábado. Eles realizavam um programa de rádio e nós
entrávamos logo após, com o nosso programa; então já viu. Depois o horário
mudou, entrávamos primeiro, depois eles, e os debates continuaram. O que foi interessante
e que houve muitas refutações e contra-argumentações de parte a parte, porém,
nenhuma grosseria, e foram sete anos nessa labuta.
Hoje os
evangélicos se esbaldam em ataques gratuitos e má educação, principalmente na
internet onde o ódio subterfugia-se nas teclas e na virtualização de um mundo
irreal, mas onde os sentimentos floreiam.
Nos
últimos tempos observo o retorno do catolicismo (ICAR) no ataque a mais
primária das asseverações da Reforma Protestante, o Sola Scriptura. Vejo
intensas acusações e a insustentabilidade desses argumentos contrários a
Palavra e em prol da tradição e dos concílios como regras de fé e prática. Ora,
de fato, é preciso tentar diminuir ou mesmo anular o caráter normativo e único
da Bíblia, pois ela vai de encontro as mais básicas sustentações teológica
dessa instituição. Então, procura-se na tradição e na voz conciliar legitimar
sua incapacidade de rendição ao Único, de conversão ao Verdadeiro, de filiação
ao Pai, através do Filho, pelo Espírito.
Argumentar
que a igreja escolheu a Bíblia e não esta a igreja é uma auto destruição
teológica, e nem preciso perder tempo com isso, leia a Bíblia, examine a
história e desmascare os ídolos.
Valer-se
da tradição e do que afirmam os concílios e/ou papas é um retrocesso milenar, é
uma tentativa tosca de substituir o Espírito Santo e um fragrante atentado ao
Deus Vivo e Verdadeiro e ao Cristo que na cruz morreu, ressurgindo ao terceiro
dia e a Direita do Pai se encontra agora.
Tudo
isso para justificar a idolatria mística e hierárquica.
Mas a
Bíblia sempre causou abalos onde o homem quer prevalecer. Entre os próprios
reformadores houve divergências entre os livros canônicos, principalmente
Ester, Tiago e Apocalipse. No entanto, a vontade imperiosa do Senhor
prevaleceu.
Agora,
vejo nos grupos “evangélicos” o estrago nos currais da fé que uma leitura
laboriosa, cuidadosa e reverente da Palavra causa. Ela tem atrapalhado muito o
trabalho dos ídolos gospel e suas visões psicotrópicas.
Quando
convido alguns irmãozinhos a leitura disciplinada e sem interferências das
teologias e óculos denominacionais (nem mesmo a minha), vejo o rebuliço que
acontece.
É chute
fora nos patriarcas de Mamon e suas indumentárias sacras.
É um
passa fora! Nos apóstolos de mercado e seus palácios condenatórios.
É um
arreda! Aos bispos empresários - políticos e seu império nababesco.
É um te
dana! Aos pastores sectários catadores do bem alheio.
É um
apartai-vos de mim! A toda falação estranha e contrária a Palavra, a toda visão
carregada de engodo, a todo estrelismo espiritual, a toda hipocrisia cultual, a
toda e qualquer barganha religiosa, a toda síndrome antropológica no lugar de
Cristo.
Para
minha tristeza percebo que muitos dos ditos evangélicos de hoje lêem a Bíblia
somente nos trechos devocionais dos cultos e, tem-na usado como auto-ajuda,
aliás, nunca vi tanto livro de auto-ajuda sendo lido e até ensinado pelos “cristãos”,
principalmente os evangélicos quanto nesses tempos atuais.
Voltemos
a Palavra, ao Evangelho que é vida, pois personifica-se em uma pessoa Jesus
Cristo!
E para
onde iremos nós?
Só Ele
tem as palavras de vida eterna. (Jo 6.68)
Sola
Scriptura.
N’Ele,
que é a Palavra.
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