sábado, 19 de janeiro de 2013

Feedback Divino



O dia há muito terminara.

Livros, capítulos, versículos, comentários, artigos espalhados sobre a mesa disputavam minha atenção com o notebook. Já era tarde, mas precisava terminar o estudo para a lição da aula no domingo.
Os olhos pesaram, o corpo pesou. Era o limite.
Verifiquei as portas e janelas.
Fechadas!
Verifiquei o quarto das crianças.
Todos dormindo.
A esposa já muito ressonava.
Agora era a minha vez...

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Certo dia houve um feedback divino...
O grupo reunido inquietava-se com o Mestre, Ele parecia distante e despreocupado, embora houvesse certa algazarra dos que se confraternizavam em torno d’Ele.
Então fitando-os perguntou de pronto:
- Que diz o povo que sou?
O silêncio foi geral!
Até que certo burburinho começou a ser ouvido no meio daquela pequena multidão, e corajosamente um se adiantou e disse:
- Uns dizem que divides a história, outros que és um iluminado, há quem diga que fundastes uma religião e, coitados, tem aqueles que dizem que não existes.
Comentários baixinhos foram ouvidos, assim como impropérios, indignações e palavras de ira, e teve até quem amaldiçoou tais homens descritos.
- Hereges! – alguém bradou.
- Condenados! – seguiu outro, e os demais acompanharam:
- Filhos do mal!
- Infames!
- São uns trouxas!
- Judas!
- Quero dar na cara deles!
Mas o Mestre nada disse.
Manteve-se em silêncio por um tempo...
Então decidiu quebrá-lo, e novamente pergunta:
- Mas, e vós? Que dizeis que sou?
Silêncio...
Todos se entreolhavam.
Em seus olhos acusações, desprezos, preconceitos, indiferença...
Então, alguém com tiara na cabeça e cajado de ouro na mão adianta-se e responde:
- Não sei estes aí, mas nós sabemos quem és e assim anunciamos.
- E o que dizes que eu sou?
- Ora, és o Cristo de Deus, como Pedro declarou, nós assim declaramos e fomos construídos na rocha que nos destes e nos exemplos de tua mãe.
- Minha mãe? Nunca lestes que minha mãe, irmão e irmã são todos aqueles que fizerem a minha vontade?!? Quem te mandou construir em Pedro? Logo não és minha Igreja e sim de Pedro, a ele buscais e vede se te respondes.
Risinhos abafados foram contidos pelo olhar penetrante do Mestre.
- E vós? Que dizeis?
A confusão foi formada, a balbúrdia tomou conta do grande grupo, pois, mesmo sabendo a resposta de maneira simplista, escapava-lhes a essência, ou o confessar vinha tão somente de enganosos lábios.
- És o Salvador!
- Redentor! – aludiu outro.
- Aquele que me fez prosperar – disse um com uma Bíblia de ouro nas mãos.
- És o Senhor!
- És o Filho de Deus!
Mas, Ele sabia que eram respostas aprendidas e repetidas sem a menor dimensão interior de ninguém.
Ele, então, com os olhos flamejantes e com a voz de trovão:
- VÓS verdadeiramente quem dizeis que sou???
Espanto. Temor e tremor.
Os grupos se dividiram e a confusão foi maior ainda.
Uns recitaram o Credo, o Pai Nosso, Ave Maria.
Outros tentaram faze uma exegese.
Havia quem quisesse decidir numa assembléia.
Fizeram petição ao Presbitério.
Teve quem quis escrever um livro para os seus fiéis comprarem.
Alguns organizavam a resposta: 1º ponto isso; 2º ponto aquilo; 3º ponto...

"Apóstolos" realizaram "atos proféticos".
Havia muito barulho, porque um enorme ajuntamento respondia somente em sons ininteligíveis: cantalabaxouriá, alalababababa, prantalourixiba, etc.
- Basta!
Bradou o Mestre com voz de trovão e fez-se grande silêncio.
- Sou a Rocha! O Cristo! Aquele que caminha por entre a Igreja! Aquele que conhece as obras de cada um, pois não examino como o homem examina, porque conheço o interior de todos vocês.
Levantou os olhos aos céus, suspirou. Fitou novamente a multidão atônita e trovejou.
- O tempo está próximo! Arrependei-vos e crede no Evangelho de Deus. Adorai ao Senhor em espírito e em verdade, pois eis que certamente venho sem demora.
Foi um santo rebuliço.
Quem ostentava a tiara na cabeça e o cajado de ouro na mão, lançou-os longe, prometendo transformar o Vaticano em abrigo para o sem lar.
Trocaram os paletós de fino livro e as gravatas de última moda em vestes de santa humildade.
Imagens e ídolos foram destruídos e seus entulhos reciclados para um melhor proveito.
Suntuosas catedrais, construídas com o sangue, suor e labuta dos fiéis e dos discursos performáticos dos emplumados líderes vieram a baixo ou deram lugar a construções mais uteis.
Doutores em divindades voltaram ao jardim de infância da fé.
Os milionários da fé abriram seus cofres e construíram hospitais e escolas.
O discurso do ódio virou anuncio da salvação.
O criticismo pediu perdão e perdoou, tornando-se uma benção.
A indústria financeira em nome de Deus desligou seus mecanismos manipulatórios e cessou seus pregões.
O mundo gospel rasgou não suas vestes, mas seus interiores e em lágrimas verdadeiras louvou o Senhor em vez de seus próprios egos, adorou a Deus e não mais o homem.
Todas as flâmulas foram derribadas e uma só bandeira ergueu-se no mundo: A IGREJA DO SENHOR JESUS.

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Pam...pam....pam...pam...pam...pam...pam...pam...
05:30 da manhã avisava estressadamente o despertador.
Ainda sonolento olhei pela janela do prédio, mas as catedrais ainda estavam lá.
Fora um sonho!
Havia estudado até tarde a lição da EBD no livro de Apocalipse.
Mas, ainda há esperança.
Maranata!
Vem Senhor Jesus! 
    
N’Ele, que certamente vem.         

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

(Desac) Atos Profèticos


E naamã indignou-se com o profeta Eliseu (2º Reis 5.1-14).
Afinal, ele fizera uma longa e penosa viagem, ainda mais se for considerada a sua saúde e os compromissos de Estado que lhe pesavam, e como se não bastassem ter que desconsiderar todos os seus deuses, seus ídolos petrificados em madeira e ouro. Havia ainda o inconveniente de recorrer a um povo em eterna inimizade com o seu, e que já havia sido derrotado nas muitas batalhas entre os reis.
Não era qualquer um que chegara ali, defronte a pobre cabana, destituída de luxo e que em nada se coadunava com as descrições dos seus feitos e com o alcance de sua fama. Ele, poderoso general, homem da confiança do rei sírio, de entradas e saídas militares vitoriosas, homem repleto de honra e glórias humanas. Não era um simplório, um barnabé qualquer, era homem de posses e trazia fortunas e caros presentes, além de grande comitiva militar.
Era, no entanto, um mero leproso.
Viera na pista dada por uma jovenzinha cativa nos muitos assaltos à terra de Israel e que lhe servia nos trabalhos domésticos como escrava. Trouxera cartas de recomendação, um protocolo diplomático entre os reis da Síria e de Israel, demonstrando o caráter e a importância do homem e daquela missão, o que causou apreensão e desespero no palácio de Jerusalém, mas não fora suficiente para fazer sair o profeta de seus aposentos.
Irou-se Naamã contra o homem de Deus!
Pois, agora, ele estava ali, diante daquele humilde casebre, e o tão procurado homem de Deus não levou em conta sua posição, sua carta de recomendação, sua numerosa e belicosa comitiva, seu dinheiro e os valiosos presentes que trouxera. Nem seque saíra ao seu encontro para saldá-lo como rezava as tradições e como recomendava a diplomacia. Não houve um ritual religioso, não houve uma consulta teatral ao divino, nenhum espalhafatoso transe místico, nenhum ato profético se deu.
E assim, sem manifestações xamânticas, sem liturgias, sem mantras, nem mesmo “oração de poder”, nem decretos humanos para que Deus assine depois. Nada!
Não houve nenhum ato profético, antes um verdadeiro desacato!
Mergulhar sete vezes no Jordão.
- Tomar banho!?? Neste rio inconveniente? Acaso não há rios melhores em minha terra?
Porém, na simplicidade da obediência a Palavra que provém de Deus a transformação miraculosa se deu no corpo apodrecido do grande comandante sírio.
Sem preço.
Sem barganha.
Sem pressões psicológicas.
Sem ufanias denominacionais.
Sem parafernálias religiosas.
Sem a vergonha dos putrefatos profetas que profanam a Palavra do Deus da Palavra.
Como não ficar nauseado diante das inovações grotescas e os rituais medievais que procuram se inserir no seio da Igreja Evangélica de hoje. Como não sentirmos repulsas ao perceber a necessidade do esdrúxulo, da manipulação emotiva, da necessidade de citar a presença diabólica nas mensagens sufocando a liberdade do Evangelho garantida pelo Espírito Santo.
Minha fé é pequena.
Só creio na Bíblia e no Deus da Bíblia. Não tenho outro Salvador que não seja o Senhor Jesus Cristo. Não tenho outro guia que não seja o Espírito Santo.
Perdoem-me a minha pobreza em não conseguir crer em outro “evangelho”, nem mesmo se um anjo descer do céu para pregá-lo.
Desculpem-me, mas as Escrituras são as lâmpadas dos meus pés, e a luz do meu caminho.
Lamento, mas meu Deus me escuta mesmo quando não falo palavra alguma.
Perdoem-me, mas nenhuma maldição hereditária me acompanha, pois meu Senhor me libertou de toda maldição e o que habita em mim é maior do que o que no mundo habita.
Desculpem-me, mas não posso decretar coisa alguma, porém, vivo pelos Decretos Eternos de Deus.
Lamento, mas dispenso qualquer ato profético, mesmo que em memorial para simbolizar o que é ordenado por Jesus, meu Senhor e Cristo, como perdão, amor, fé e esperança.
Desculpem-me, mas não suporto o show das técnicas psicológicas usadas nos ditos “atos proféticos” que se espalham pelo Brasil transformando a Igreja num espetáculo de crendices medievais, desconstruindo o que a fiel e poderosa Palavra de Deus determina em suas páginas.
Não precisamos de shows, espetáculos circenses, atos pitorescos, chamados psicologizados. Só precisamos crer, obedecer, viver no Evangelho que Cristo nos legou, caminhado passo a passo, de fé em fé, rumo ao alvo, ao prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus, nosso Senhor.

N’Ele, que na cruz pagou nossa dívida e na estrada é o Caminho.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sanctus Delirious



- Igrejas!! Igrejas!! Meu reino por uma Igreja!
- Igrejas!! Igrejas!! Uma Igreja do Reino!
Gritava o sujeito nas ruas com uma Bíblia mão. Apesar de toda algazarra pouca atenção atraia. Até que um passante, indiferente, mas querendo sossego, protestou:
- Pra quê tanta celeuma? As placas estão aí, escolhas uma e te conforma.
Suspiros profundos, mãos na cabeça:
- Não quero a igreja da placas, elas já não dizem nada, são nauseantes, repulsivas, muitas delas exalam a podridão mística das coberturas idolátricas dos fantoches de Mamon.
Eis que outro se aproximou, e com nítida irritação retruca:
- Cale-se! Acaso atentas contra os ungidos? Recolha-se em seu nada ou venha ao sacrifício.
Olhos fitos, semicerrados, mas de tal modo penetrante que fez seu interlocutor baixar a vista:
- Não sabia que eram ungidos, nem parecem! Pois seus modos, seus feitos, suas falas, seus “evangelhos” de tão idênticos aos senhores e as coisas da terra, embaçaram minha visão que nem vi unção, embora tenha visto bastantes cifrões.
 - Eis aí mais um frustrado! Cachorro morto! Chutai-o longe para não atrapalhar o culto – ameaçou um grupo indignado.
Corpo e indicador em riste, olhar firme e sem medo, a ponto de fazer recuar os salientes agressores:
- O cheiro fétido da rapina de vossos cultos enfastia-me o olfato, o vômito de vossas crenças inúteis embrulha-me o digestivo, o putrefato de seus sacrifícios enoja-me o espírito, a ganância torpe de vossa fé escandaliza o meu Deus.
- Cala-te!
- Cala-te!
- Cala-te!
Gritavam as turbas, os montes, as cavernas, os “crentes”, descrentes, os paletós e as gravatas...
Levantando a Bíblia acima de sua cabeça bradou:
- Não sou eu quem grita. Não sou eu quem brada. A Palavra vos acusa. A Palavra vos condena. A Palavra vos expõe. Os céus são testemunhas e até as pedras falarão por mim. A voz que lhes cortam é a mesma que os séculos não calaram, pois divina, eterna e poderosa ela é. E corta... Espírito – alma, juntas e medulas...
Alguém passando apressadamente, sandália de dedos e compras na sacola, olha com desprezo e ironiza:
- Já não basta tanta igreja e este besta criando drama.  Veja, há uma logo ali, outra aqui e aquela lá. Vai-te! Pois em qualquer caminho é “amém igreja!”.
Caem-lhe os joelhos ao chão. Ergue os braços aos céus:
- Não! Não quero a igreja – metas e seus matemáticos pastores, pois suas ovelhas são números e não gente. Não quero a igreja – propósitos e seus pragmáticos pastores, pois suas ovelhas são frutos do estresse planejado. Não quero a igreja – engessada e seus pastores nostálgicos, pois suas ovelhas cultuam o passado. Não quero a igreja – empresária e seus pastores executivos, pois suas ovelhas são produtos de marca e grife. Não quero a igreja – negócio e seus pastores comerciais, pois suas ovelhas são mercadoria negociável e peças de estoque. Não quero a igreja – mídia e seus pastores estrelas, pois suas ovelhas são marionetes não pensantes. Não quero a igreja – feudo e seus pastores senhores, pois suas ovelhas são vassalas exploradas pelo medo. Não quero a igreja – mística e seus bruxos pastores, pois suas ovelhas são cegas a caminho do abismo. Não quero a igreja – quadrilha e seus pastores bandidos, pois suas ovelhas vítimas incautas.
E continuou...
- Parem! Parem! PAREM!!! SOCORRO!!!
Juntando as mãos dobrando o corpo, as lágrimas rolaram na face.
- Eu quero uma Igreja. Uma Igrejinha. Igreja – gente. Igreja – Corpo. Igreja – Vida e viva. Igreja que não se venda, que não se dobre, que não minta, que não blasfeme, que não negocie. Eu quero Igreja – Deus e não igreja – homem, mas que sendo Igreja – Deus, também seja Igreja – Homem. Eu quero a Igreja! Meu reino pela Igreja! Eu quero a Igreja do Reino, lavada no sangue do Cordeiro. Eu quero a Igre...!
Zás!
Zás!
Pedras rolaram em meio aos cânticos. Chutes vieram em meio a “mistérios”.  Socos surgiram como milagres. Tapas soaram como “visões”. Cuspes jorraram em transes e sonhos. Pauladas desceram em atos proféticos. Pancadas caíram junto a versículos. Paletós e gravatas puxaram-lhes os cabelos.
O corpo inerte estendido no asfalto.
- Amém! Glóoooooooooooooooooorias!!!! – a turba bradou. E, depois, um por um, seguiu para os cultos de peito lavado e missão cumprida.
Então, um ateu, crendo, orou a Deus e tentou reanimá-lo.
Um cético creu, e trouxe-lhe um copo d’água.
Um católico quis chamar a polícia, mas temeu a turba.
E os que não dobraram os joelhos (alguém contou sete mil) socorreram-lhe a vida.
Enquanto isso, dois transeuntes que observaram toda cena, caminhando tranqüilos comentaram:
- Que vem a ser tudo isto?
- É mais um dos delírios dos santos.
E lentamente seguiram para as catedrais humanas.

Em Cristo, na Fé e no Caminho. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CRIANÇA DO REINO




Quero ser criança do Reino!

Correr para teus abraços quando os perigos desumanos e as procelosas da vida em trágicos rugidos me assustar.
E assim ficar: quieto!
Confiante!
Seguro!
Até que os aceleramentos cardíacos da existência se desaceleram...
E o meu abatido espírito revigora-se no Deus Forte que me guarda,
E o meu coração te aguarda...

Quero ser criança do Reino!
E saber que seguras em minha mão quando o chão do existir, escorregadio e íngreme desafiar meu frágil caminhar.
E assim seguir: resoluto!
Altivo!
Vencedor!
Até que as desfuncionalidades ortopédicas da existência se firmem...
E o caminhar de meu espírito-vida substanciar-se no Deus Caminho que me guia,
E o meu coração se deixa guiar.

Quero ser criança do Reino!
E poder chorar meu choro sem pudor quando intempéries irromper desavisadamente meu ser sossegado, e aflorarem lágrimas compulsivas.
E assim ficar: desarmado!
Entregue!
Rendido!
Até que meu desconsolado ser em Ti seja consolado...
E o pranto de meu espírito – vida, derramado no Deus Consolação, sorri...
E o meu coração se deixa alegrar.

Quero criança do Reino!
E gargalhar feliz o sorriso divino, sem rancores escondidos, sem mentiras orquestradas, sem tristezas perpetuadas, sem abismos solitários, sem os temores humanos.
E assim eu sou: FELIZ!
Bem – aventurado!
Iluminado!
Até que meu circunstanciado ser, em Ti descontinue a dor...
E o existir do meu espírito – vida, transformado pelo Deus Júbilo, cante...
E em meu coração pulsar as notas da música do PAI.

(Para todos aqueles que no Natal querem ser apenas crianças do Reino, no Reino de Deus. Conheço um monte: Tony, Célio, Silvano, Jairo, Belinha, Priscila, Vanda, Elisa, Pedro...)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Crente Esponja, Só Falta a Calça Quadrada




“Julgai todas as coisas, retende o que é bom”
(1ª Ts 5.21)
O discernimento é um dom proveniente de Deus, o que não significa dizer que o cristão, o converso não tenha que exercitá-lo como uma disciplina constantemente evolutiva em sua caminhada. Muito pelo contrário, o discernimento deve ser permanentemente desenvolvido, pois é por este dom que possuímos a capacidade de percepção dos elementos salutares e os nocivos que adentram na Igreja e nos edificam ou transtornam.
O discernimento funciona como um filtro por onde os germes infectos que circulam em torno procurando invadir a Igreja são identificados, sendo barrada sua entrada.
Porém, temos um problema!
O efeito esponja!
Pois a esponja vai absorvendo água ou qualquer líquido com sua sujeira e impureza, até chegar ao seu extremo de sua capacidade e no primeiro aperto espalhar seu excesso.
Este é um fenômeno muito comum em nosso universo evangélico onde as águas sujas e infectas das doutrinas exóticas e esdrúxulas encontram campo fértil e ardorosos defensores.
Sincretismos pagãos, contorcionismos teológicos, atos proféticos, “visões” vindas de fontes turvas e com propósitos duvidosos, movimentos evocativos de forças estranhas, línguas que manifestam distúrbios emocionais, doutrinas contrárias aos ensinos bíblicos sendo aplaudidas, multidões desesperadas em busca do reino deste mundo, mistura perigosa com o pior da política, mundanismo, idolatrias, etc.
E as súcias de crentes seguem empolgados os novos ídolos, ditos evangélicos, sem o menor pudor doutrinário.
Armada de textos descontextualizados (Não julgais – Mt 7.1; Quem não tiver pecados – Jo 8.7), os esponjas ameaçam aqueles que detectam os falsos ensinos e apologizam em favor das Sagradas Escrituras, mas não temem abraçar o “novo” e esdrúxulo caminho quilometricamente desviado da rota de Cristo.
Algumas velhas novidades que voltaram a ostentar  imensa popularidade em nosso tempo:
Negação da cruz;
Recusa ao estreito e espinhoso caminho;
Descrença na existência real do inferno;
Negação a soberania de Deus;
Relativismo para com a Bíblia;
Renovação do misticismo exacerbado;
Culto a personalidade;
Feudalismo religioso;
Anti-Bíblia em favor das visões enfatuadas;
Estrelismo estratosférico;
Adoração a Mamom.
Mas, tudo é permitido desde os sorrisos plastificados, os achaques ufanos, os arroubos performáticos e a ostentação cinematográfica das conquistas ou pseudos milagres estiverem sendo caudalosamente derramados nas mídias sem fim, projetando uma imagem do que nunca foi não é e jamais será Caminho de Cristo.
Mas quem se importa?
“Quem creu em nossa pregação”
Bradava o profeta Isaias sob inspiração divina, ante o espetáculo do Servo Sofredor (Is 53.1), contrariando as expectativas de um Messias beligerante e doador de benesses ao bel-prazer do seu povo.
Há alguém que se importa?
Está tudo tão legal!
Somos tantos, e podemos até pressionar governos. Temos até um dia instituído nacionalmente, e podemos angariar recursos públicos para financiar nossos shows.
- Não é ótimo! Crente Esponja!!!!
- É sim Crentik! Rê rê rê rê rê rê rê...
Mas, Aquele que tem na mão direita as sete estrelas, de cuja boca sai uma espada afiada de dois gumes, e o rosto, brilha como o sol em sua força, diz: Conheço as tuas obras (Ap 1.16; Ap 2.2,9, 13, 19; Ap 3.1,8,15).

N’Ele, o Cristo que nos dá o discernimento e não o estado esponjoso. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Entre Ruas Históricas e Casas Tombadas


Foto

Não há nada melhor para aqueles que foram alvos do Evangelho do que evangelizar.

Abomino, no entanto, o proselitismo.
Gosto de me armar com o Evangelho da Paz, o convite ao arrependimento e conversão, para conhecer o Cristo Jesus. Morto pelos nossos pecados, ressurreto para nos dá a vida eterna.
E engraçado como nos cercamos de academicismo de pouca valia, e muitas vezes esquecemos que é o olho no olho, a palavra bem-dita, a mensagem simples, de um Evangelho simples, desburocratizado que chega e atinge as pessoas, neste Brasil de rostos sofridos, de esquecimentos governamentais, de estranha democracia, onde o palanque está sempre montado e o povo é um gigante sem voz, teimosamente adormecido.
Lembrando que a mensagem simples não deve ser simplória, que o Evangelho da Graça não é sem valor, que sintetizar não ajuda, mas essencializar é preciso.
Tive a honra de participar no inicio da semana de um avanço numa pequena cidade histórica de nosso estado. É preciso encarar o evangelismo como um momento de socorrer o povo carente da Palavra de Deus, expostos aos lobos vorazes e as idolatrizações que alcançam níveis inimagináveis em nossa terra já tão propícia ao misticismo.
O engraçado é que fazia isto há mais de vinte anos atrás, e naquela época as pessoas nos olhavam achando que éramos fanáticos, hereges, ou “bodes”, que foi a forma preferida de tratamento dada aos crentes pelo “santo do Nordeste”. Hoje, o olhar desconfiado é na expectativa se vamos pedir dinheiro ou qual será o preço a barganhar pela salvação.
Expliquei um sem número de vezes que não estávamos propagando nenhuma religiosidade em detrimento desrespeitoso as outras, que não estávamos pedindo dinheiro no culto, nem pediríamos votos para futuramente este ou aquele candidato, mas que queríamos apresentar o plano de Deus para a salvação em Cristo Jesus.
Outra terrível realidade de hoje é o grande número de pessoas feridas pelos líderes das igrejas locais que muitas vezes funcionam como um feudo medieval. Será que existe treinamento para ferir e machucar as pessoas em nome de Jesus?
Certos líderes se comportam como senhores do céu, o microfone passa a ser uma arma perigosa de massacre as incautas ovelhas.
Não podemos ensinar outra coisa senão o Evangelho traduzido na capacidade de amar, primeiro a Deus, e ao próximo, tendo como exemplo modelador o próprio Cristo.
Temos muito que faze então, pois o estrago ao Evangelho causado pelos midiáticos é enorme, e o campo, está ainda muito propício a proliferação do “evangelho” místico, desvinculado da cruz, que busca as bênçãos e os tesouros deste mundo.
Não me importo o peso do cansaço e as pernas que desobedecem a vontade de ir mais um pouco, não me rendo se a voz é pouca, não desisto se os recursos rareiam, pelo menos irei em mais uma, mais outra, aquela ali...
É muito legal escrever textos e discorrer assuntos diversos, mas o chamado é pra fazer discípulos, in loco, identificados com Cristo, capazes de lhe reconhecer a voz e segui-lo aos verdejantes campos, e sair de nossa zona de conforto ajuda-nos a crescer na graça e no conhecimento. Precisamos claro, escrever mais e mais, sem, no entanto, deixar afinar as mãos.
Percorrendo ruas históricas e casas tombadas, velhas construções aos pedaços ou em ruínas, porém supervalorizadas encontramos gente, em ruínas, desvalorizadas e desassistidas carentes do Evangelho e de Brasil.
N’Ele, que percorria toda Galiléia, ensinando e pregando.

P.S: Com um abraço ao Leonardo, em Piura, e também, Tony e equipe preparando-se para ir ajudá-lo. 
P.S: Na foto estou ao lado do grande amigo Joseilsom Evaristo, rumo ao avanço missionário, junto com uma equipe da IPG.

sábado, 24 de novembro de 2012

O Temor Que Vence o Medo



Salmos 46.1-3

O ser humano vive inventando medos e assombros como se já não bastasse os medos que de fato existem e os terrores que verdadeiramente nos perseguem. Por sermos finitos e contemplarmos as forças de dimensões cósmicas que nos espreitam, ou por termos a nossa existência por demais limitada e a morte causar tanta perplexidade em nosso ser ansioso por vida, somos como que predispostos aos sustos, amedrontamentos e terrores constantes.
Encontro diariamente com pessoas assustadas pelos mais variados motivos, e às vezes improváveis causas. Temem que um terremoto venha repentinamente sobre nossa região, que um furacão arrebente em nossas plagas, que gafanhotos invadam os campos cultiváveis, que uma guerra nos exploda sem aviso, que o fim do mundo finalmente aconteça, ou que a morte, em fim bata a nossa porta e diga: “Chegou a sua hora!”. Há, ainda, muitas pessoas que temem os fantasmas, as almas penadas, os maus espíritos, lugares assombrados, ou algumas dessas crenças populares tão comuns em qualquer parte do mundo. Há pessoas que evitam até mesmo irem a velórios, pois ficam impressionadas com o cadáver. Conheço pessoas que não passam nem ela porta de um cemitério. Há quem tenha mais medo dos mortos do que dos vivos.
Isto não é engraçado, é triste!
É lamentavelmente triste perceber que as pessoas cultivam o medo de coisas
inexistentes, improváveis, limitadas em sua esfera funcional, mas não se importam de temer ao Senhor, O Deus Criador dos céus e da terra. Geralmente ninguém se importa em evitar o pecado. Pecam, vivem em iniqüidades constantes, muitos, além do próprio pecado ensinam os outros a pecarem, ensinam palavrões e obscenidades as crianças e como se não bastasse, acha graça em tudo isso. Provocam a Deus sem nenhum temor, seja através de uma vida carregada de promiscuidades, seja em musicas de sentido abjeto e duplo, seja por blasfêmia e desrespeito ao Nome Santo do nosso Deus.
As pessoas acham normal o suborno às autoridades e há quem aceite o suborno sem o menor pudor público. Homens que abandonam a família, mulheres que deixam o lar em busca do prazer mesquinho do egoísmo sexual travestido de amor. Pessoas que se entregaram aos vícios: ao álcool, as drogas, as jogatinas ou outro vício qualquer e tudo isso parece normal.
Não tem nenhum receio, medo algum. Não há lamento, não há choro, não há arrependimento. Muitos chegam a dizer: não há Deus!
Pense aqui comigo: não é contraditório?
Temem a vingança da natureza, mas não temem o Criador de todas as coisas. Temem o futuro incerto, mas não temem o Deus que controla toda a história. Temem a chegada da morte a qualquer momento, mas não temem o Deus que conduz a vida eterna. Temem os defuntos, as almas, os espíritos, mas não temem o Senhor todo poderoso o qual com uma só palavra faz o inferno derreter.
Jesus alertando os apóstolos ressaltou que: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, que pode fazer perecer no inferno tanto a alma quanto o corpo”.
Convido a você que tem andado assustado com as incertezas da vida, para fazer um concerto com Deus, ajustar sua vida no parâmetro de Cristo Jesus, viver pelas pisadas do Mestre sendo guiado pelo Espírito Santo, buscando aprender o temor do Senhor, porque o temor do Senhor diferente do medo que o mundo impõe, porque nos leva a querer agradar a Deus. E quando vivemos no temor do Senhor somos livres dos terrores deste mundo que nos espreitam e assaltam.
O que é o temor do Senhor?
A Bíblia nos ensina que o temor do Senhor:
É o princípio da sabedoria (Sl 111.10; Pv 1.7);
É o caminho da felicidade (Sl 128.1);
É instrumento para aborrecermos do mal (Pv 813);
Nos trás benefício de vida longa e abençoada (Pv 10.27);
Nos conduz à vida e a satisfação (Pv 19.23);
É fonte de vida que livra do laço da morte (Pv 14.27).
Portanto, quem teme ao Senhor não vive na escravidão do medo insano das coisas desta vida. Quem teme ao Senhor sabe que Ele é Deus poderoso que não abandona jamais os seus e que os guarda em sua poderosa mão. Ainda que venham a desfrutarem de tribulações nesta vida, Ele lhes dá a Paz que excede todo entendimento. Ainda que venha a experimentar a benção da pobreza e a falta de recursos, tem um tesouro nos céus, onde nem as traças corroem nem os ladrões roubam. Ainda, que tenham um encontro com a morte será recebidos na glória celeste onde o próprio Cristo nos foi preparar lugar.
Temei ao Senhor e experimente a liberdade dos filhos de Deus, pois, Cristo é a Verdade que liberta e que nos torna verdadeiramente livres.

N’Ele, que nos liberta de todas as prisões.

(Meditação do programa na Rádio do dia 25/11)