segunda-feira, 2 de julho de 2012

Caminho Por Uma Rua Que Passa Em Muitas Igrejas





Uma nova onda invadiu a rua em que moro, que por sinal, já é bastante movimentada, por inúmeros pequenos comércios surgidos nas garagens das residências. São as igrejas! Foram chegando... Chegando... e já são cinco, descontada uma, que seria a sexta, mas que faliu por causa de escândalos internos.
Se contabilizar algumas ruas em volta, teremos ao todo nove ou dez “igrejas”, salvo engano desse pacato observador.
O caráter comercial que inevitavelmente transparece na formação dessas “igrejas” é incômodo e constrangedor. Os cultos coincidem nos horários e então... Salvem-se quem puder!
Falta harmonia, diálogo, estratégia evangelística e muitas, muitas, muitas vezes respeito mínimo aos moradores que não partilham dos mesmos rituais litúrgicos.
É uma pena!
Quando criança no Evangelho acreditava que um Brasil de maioria ou pelo menos com crescimento evangélico, seria mais sensato, justo, tolerante e progressista. Poderíamos dormir descansados por causa da diminuição da criminalidade.
Talvez tenha crido numa utopia típica de Thomas Morus.
Nada melhorou.
Temos empresários sonegadores, músicos em busca do sucesso, pregadores que se locupletam usando a Palavra, patrões que furtam direitos adquiridos dos funcionários, funcionários repletos de mau caráter que causam prejuízos enormes onde trabalham, pessoas com a Bíblia na axila, mas ela não chega ao coração, políticos que fariam um favor em não mais representar os evangélicos.
Pensamentos assim me assaltam enquanto caminho do apê onde moro até o local do meu futuro trabalho (que não é uma igreja). Nesse percurso caminho quase toda a extensão da rua, e perfazendo essa trilha contemplo as igrejas entretecidas em seus ritos, os homens em suas vestes sacerdotais evangélicas, os paletós. As mulheres, já experimentam algumas liberdades, porém, ainda persiste para muitas a cadeia cultural-psicológica quando ao vestir, ao cabelo, aos brincos, etc.
As bobagens que misturam num mortífero coquetel de tristeza e chamaram de “evangelho”.
Drummond, me empreste o moto da “Canção Amiga”:

Caminho por uma rua
Que passa em muitas igrejas.
Se não vêem, Eu vejo
E saúdo velhos amigos.

Caminho por uma rua que passa...
Não cabe nas igrejas...
Estão olhando para si, e a si mesmo se enxergam.
Mas, eu as vejo, e como vejo!
Saudações velhos amigos.

Olha,
O evangélico distribui um segredo
Pois ama e sorri
Do jeito mais natural.

N’Ele, que me vê. 

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