Uma nova onda invadiu a rua
em que moro, que por sinal, já é bastante movimentada, por inúmeros pequenos
comércios surgidos nas garagens das residências. São as igrejas! Foram
chegando... Chegando... e já são cinco, descontada uma, que seria a sexta, mas
que faliu por causa de escândalos internos.
Se contabilizar algumas ruas
em volta, teremos ao todo nove ou dez “igrejas”, salvo engano desse pacato
observador.
O caráter comercial que
inevitavelmente transparece na formação dessas “igrejas” é incômodo e
constrangedor. Os cultos coincidem nos horários e então... Salvem-se quem
puder!
Falta harmonia, diálogo,
estratégia evangelística e muitas, muitas, muitas vezes respeito mínimo aos
moradores que não partilham dos mesmos rituais litúrgicos.
É uma pena!
Quando criança no Evangelho
acreditava que um Brasil de maioria ou pelo menos com crescimento evangélico,
seria mais sensato, justo, tolerante e progressista. Poderíamos dormir
descansados por causa da diminuição da criminalidade.
Talvez tenha crido numa
utopia típica de Thomas Morus.
Nada melhorou.
Temos empresários
sonegadores, músicos em busca do sucesso, pregadores que se locupletam usando a
Palavra, patrões que furtam direitos adquiridos dos funcionários, funcionários
repletos de mau caráter que causam prejuízos enormes onde trabalham, pessoas
com a Bíblia na axila, mas ela não chega ao coração, políticos que fariam um
favor em não mais representar os evangélicos.
Pensamentos assim me assaltam
enquanto caminho do apê onde moro até o local do meu futuro trabalho (que não é
uma igreja). Nesse percurso caminho quase toda a extensão da rua, e perfazendo
essa trilha contemplo as igrejas entretecidas em seus ritos, os homens em suas
vestes sacerdotais evangélicas, os paletós. As mulheres, já experimentam
algumas liberdades, porém, ainda persiste para muitas a cadeia
cultural-psicológica quando ao vestir, ao cabelo, aos brincos, etc.
As bobagens que misturam num
mortífero coquetel de tristeza e chamaram de “evangelho”.
Drummond, me empreste o moto
da “Canção Amiga”:
Caminho
por uma rua
Que
passa em muitas igrejas.
Se
não vêem, Eu vejo
E
saúdo velhos amigos.
Caminho por uma rua que
passa...
Não cabe nas igrejas...
Estão olhando para si, e a si
mesmo se enxergam.
Mas, eu as vejo, e como vejo!
Saudações velhos amigos.
Olha,
O evangélico distribui um
segredo
Pois ama e sorri
Do jeito mais natural.
N’Ele, que me vê.
saudades dos textos. Tô postando este!!
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