A ignorância é uma das razões
para serem criados mitos, preconceitos, mal entendidos e tradições ilógicas.
Dela os fascistas, ditadores e tiranos souberam tirar proveito e se apropriar
do bem maior de cada povo, a liberdade. É por causa dela que a religião tentou
sufocar o cristianismo de Cristo e paralisar o desenvolvimento científico e
filosófico. É a ignorância que dá margem para a maior parte das mazelas que
invadiram e deturpam a mensagem da Igreja.
Não falo de ignorância como a
falto do saber acadêmico, por que este saber, também, é um incrível gerador de
preconceitos e discriminações, e não é ele quem diz ou mede a nossa sabedoria.
Falo de ignorância como razão de ser, fruto de misticismo e crendices
aprisionantes e incubadora das mais ardilosas manias e fetiches humanos.
Ignorância que trava a alma e
obscurece o entendimento, lançando as pessoas no indiferentismo e promovedora
do ódio em escala destrutiva e mortal. A ignorância transforma ritos religiosos
- herança de uma tradição, em revelação sacra da vontade divina.
Acreditava que com o
desenvolvimento natural de nossa gente e o acesso a universidade um pouco mais
democratizado, muitas de nossas esquisitices evangélicas serias vencidas ou
relegadas a uma época ou geração.
Ledo engano.
Certas manias foram apenas
substituídas por outras de igual sentido. O misticismo e as crendices fazem
sucesso em nosso meio, e velhas percepções infundadas continuam vivíssimas e
fronteirizando como um cárcere muitos dos que se creditam evangélicos.
É complicado conversar ou
manter um debate saudável sobre um tema cultural com os “irmãos”. É preciso ter
cuidado ao expor seu pensamento sobre filósofos e filosofia, ou mesmo sobre as
conquistas científicas, como por exemplo, o bólson de Higgs. Você pode ser
entendido como um herege, sem fé, frio, sorveteriano ou congelacional,e por ai
vai.
Entendo as artes como dom de
Deus. Elas devem ser usadas para a glória d’Ele, mas parece que há uma
castração artística quando da conversão ou quando da educação disciplinar
quando se é desde o berço evangélico.
Minha análise parte da década
de 80, quando tomei conhecimento do mundo evangélico, e uma das minhas maiores
frustrações era a falte de aproveitamento da veia artística e cultural de todo
um povo.
Por que transformar tudo que
foi produzido pelo engenho humano (é claro que Deus está no controle e é por
sua permissão que o que foi produzido o foi) em obra danosa ou maligna?
Lembro-me de um irmão que
sofreu deveras por causa de sua arte, a pintura. De outros que liam livros
escondidos para que o Pastor ou os outros irmãos não soubessem. Das irmãs que ao
usavam brincos ou batom, nem um adereço qualquer por conta do linchamento
social nas igrejas com a confusão nos usos e costumes. E dos irmãos que
sofreram perseguição velada por gostar de rock in Roll. Lembro de bateria e
guitarra listados como instrumentos impróprios para os cultos. Das mensagens em
que o computador era apresentado como o anti-Cristo.
Ora, muitas vezes só em
demonstrar seu interesse pela história e seus personagens, o olhar crítico de
alguns já importunam nossa exposição.
Por sinal, a pregação
expositiva, na qual todos esses elementos (cultura, geração, história, língua,
teologia) são levados em questão para uma interpretação e aplicação corretas
tem sido a mais negligenciada pelos púlpitos, sempre prontos a entreter o
auditório.
Um pouco de cultura não faz
mal.
Podemos ser crentes sem ser
medíocre, afinal o Evangelho é simples, mas, não é simplório.
“Conheçamos
e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oseias
6.3)
E quanto mais conhecemos
d’Ele, menos ignorância temos, mais de cultura apreciamos, menos irascível
somos, nenhuma crendice temos, mas, vivemos por fé naqu’Ele qué é o Autor e Consumador
da Fé.
N’Ele, que nos liberta.
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