A rotulada Graça Comum não
pode ser usada como um mecanismo regulador de aceitação para adoração na Igreja
(falo Igreja e não denominação) de qualquer expressão artística, produzida fora
do que nos convém conceituar como “cristã”. Também, os que são alvos da Incomum
Graça ou Graça Especial, não podem se valer da misericórdia de Deus como um
recurso para a demonização de tudo que se faz debaixo do sol, e que não se
enquadra na definição “evangélica”.
É interessante que a
discussão em torno da Graça Comum virou um entrincheiramento para posições
antagônicas e que pouca reflexão, de fato, tem sido produzida, apenas o
endurecimento das “teorias”.
Teorias? Sim!
Tendo em vista que levamos as
discussões e os posicionamentos apenas para o fator das artes, e qualquer
expositor da Palavra pode se ver “em maus lençóis” caso lhe convenha a citação
de algum trecho literário, poético, musical, etc, que não seja de alguém que
carrega a alcunha de evangélico. A
questão fica apenas na arte, ninguém será questionado se utilizar dados
científicos, tecnológicos, econômicos ou de qualquer outra natureza em seus
sermões, até parece que a questão controversa da Graça Comum se dá em torno da
malfadada capacidade humana de expressar sentimentos, pensamentos, emoções em
forma artística.
Então...
Não se deveriam construir
templos. Pois se usam métodos, cálculos e invenções que foram criados por
“mundanos” que não visavam a glória de Deus, mas, apenas ganhar dinheiro. Não
se deveriam usar o sistema bancário, e nem vou completar o comentário. Não se
deveriam fazer uso dos automóveis, dos sistemas de som, dos métodos
administrativos largamente usados nas igrejas. Não se deveria usar a bandeira
Brasileira, pois esta carrega em si uma ostentação do ideal positivista de
Augusto Comte: “Ordem e Progresso”.
Não se poderiam cantar o Hino Nacional Brasileiro, nem a popularíssima “Parabéns pra você”. Ou o que é mais
grave, não se poderia usar nem mesmo a seqüência das notas musicais, as quais
são atribuídas ao monge católico Guido d’Arezzo, quando a Reforma Protestante
ainda dormia o sono dos justos.
Mas, acontece algo
interessante: nesses casos há um subterfúgio balizador: “tal objeto, agora, foi
consagrado para ser usado para a glória do Senhor”.
Quem consagra?
Deus?
Poupem os meus cabelos
brancos.
Todo talento, todo dom vem do
Pai das Luzes.
Cansei de ver os ditos
pregadores expositivos citarem mais os teólogos e suas posições, que na grande
maioria dos casos basta-se a sua geração, do que citar os textos bíblicos. E o
que vamos fazer para entender a mensagem do Novo Testamento se relegarmos ao
limbo todo caldeirão cultural em que ele está inserido?
O que João combate ao
escrever a sua narrativa do Evangelho e nas suas Cartas?
O que vamos dizer de Paulo,
homem extremamente culto e que faz uso dos ganchos culturais existentes para
apresentar o Evangelho de Cristo?
Durante o ministério de
Cristo e na instalação da Igreja com o Livro de Atos e as diversas Cartas, não
encontramos cerceamento da arte ou cultura em nenhum lugar, existe a premissa
de que tudo seja para a glória de Deus.
E para a glória de Deus deve
ser usado.
O que é a gloria de Deus?
Que glória possui o homem que
dela Deus necessite? Ele é o Senhor da Glória!
Tudo o que fizermos deve ser
voltado para o louvor do Nome do Senhor reconhecendo em cada coisa a sua
glória. Ora, somente os que são alvo da Graça Especial é que possui tal
entendimento, mas isso não indignifica quem reconhece no homem comum o talento
artístico que o Senhor concedeu por sua graça. Ele, o artista, não usou esse
dom com o devido propósito, mas, se algum pregador, escritor, teólogo usar tal
citação, deve faze com tal propósito.
Alguns pontos nos Is:
Não se pode creditar o
cristianismo exclusivamente ao simplismo. Ele não é uma revelação específica
para os incultos, toda gente foi alvejada pela semeadura da Palavra, os mais
simples responderam com uma maior aceitação, mas, cuidado! O Evangelho não é
uma apologia a estagnação, a acomodação nem a deseducação de um povo, pois quem
tem fé caminha, progride, aprende, não para, segue sempre.
Muitos intelectuais se
somaram ao cristianismo e contribuíram para que o próprio Novo Testamento
pudesse ser construído literariamente (sabendo que Deus conduziu todo
processo). Mas, cuidado! Tornar a mensagem cristã recheada de academismo é um
pecado grotesco e que tem sido despejado do púlpito de muitas Igrejas.
Perceber, compreender,
admirar a arte em nossa volta, mesmo que não seja “evangélica” é um dever
nosso. Paulo asseverou: “Examinais todas
as coisas, retendes o que é bom”. O que não se pode e criar uma atmosfera
idolátrica em torno dos artistas em que reconhecemos um talento nato e
admirável.
O temor do Senhor é o
princípio da sabedoria. Portanto, com sabedoria, temor, amor e prudência,
devemos construir a teologia de nossa geração, usando com cuidado citações,
quando convier e dentro do contexto do louvor ao Nome do Senhor, reconhecendo a
Sua glória.
Em fim, vivamos como novas
criaturas em Cristo, mesmo num mundo pavoroso que jaz no maligno, mas não
caminhemos em paranóia como se Deus não permitisse ao homem comum, por sua
graça comum, construir coisas belas. Façamos a Palavra habitar em nós ricamente
e, assim, sermos capazes de discernir o mundo a nossa volta.
Por que glorificar (servir) a
Deus pode ser fazer sapatos e vendê-los a um preço justo, como disse Lutero.
Concordo em Gênero e grau!!
ResponderExcluirEssa Vai Para a arte no Púlpito!!
Abç fraternal!