sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Igreja e Política: Uma Perigosa e Explosiva Fórmula



Os ditos evangélicos saíram com garra ao campo!

Quem dera fosse os campos branquejados para ceifa. Quem dera fosse os lugares de difícil penetração do cristianismo, onde ser Igreja é uma constante ameaça a segurança pessoal. Quem dera fosse em prol de um movimento de moralidade e re-avivamento espiritual começando em suas próprias vidas, depois “igrejas” e sociedade. Quem dera fosse por causa do Reino e de seu Rei...
Quem dera...
As praças e ruas foram tomadas pelas turbas embriagadas de populismo demagogo, promessas de ódios, guerra de informações e favores “panis et circeses” que deixa em xeque nossa propalada democracia oligárquica e midiática. Agora, com um novo e inusitado elemento em meio à trama (nem tão novo assim), a presença maciça, colorida e “ungida” dos “crentes” enfeitando as passeatas, mas enojando a fé.
Não que eu seja um apolítico, ou alguém avesso a política, ou ainda que possua fobia a política, não é isso. Tenho ojeriza ao que ela tem se tornado e como os modernos “senhores de engenho” se utilizam de sua força de trabalho para conseguir a posse de parte do poder em nossa estrutura republicana. Sempre defendi que a cosmovisão evangélica percebesse as questões sociais a sua volta e fosse um farol a comunidade / sociedade na qual se está inserida, e esse exercício de existência comunitária se dá com conscientização política. Viver “igreja” sem considerar o que se passa em seu município, estado, país é uma alienação, é um evangelho platônico e irreal, é uma ilusão dopante que anestesia nossa capacidade de discernir tempos e épocas.
No entanto, é preciso saber o que se defende o que se projeta qual a razão / propósito dessa afinidade político partidária, de que forma o Senhor será glorificado nessa conjunção de acordos escusos e escandalosos privilégios. O que mais se tenho ouvido é que tais candidatos irão representam a “igreja” e as questões ligadas aos evangélicos. Ledo engano, a grande maioria defende apenas um projeto pessoal e mesquinho, ou é o braço político de um império chamado “igreja tal e tal”.
E quando a irracionalidade religiosa ganha proporções decisivas num estado laico, torna-se um jogo perigoso para democracia. Sempre que aconteceu a união, Estado - Igreja na história, ela foi nociva e degradante para o povo. Desde as Cidades-Estado da antiguidade, os grandes impérios, passando pelo catolicismo medieval aos modernos Estados Mulçumanos, essa mistura tem sido perigosa, explosiva e tirânica. Observo com preocupação os nossos emplumados líderes espalhando seus tentáculos pelo poder sem nenhuma preocupação com a república (coisa pública), mas apenas focados em alcançar posições palacianas ou espraiar sua influência e fortuna, perpetuando-se no poder, tanto religioso quanto político.
Cuidado Brasil com esses “homens de deus” no poder!
Não quero uma nação islâmica, nem catolinizada, muito menos protestantizada. Não quero a minha nação comprometida com nenhum segmento religioso. Prefiro o Estado Laico! O Estado tem que se comprometer com o direito, a justiça, o cuidado com o povo, seja ele de qualquer credo religioso. Como eleitores, temos que exigir o cumprimento das leis, a aplicação dos recursos públicos de forma que venhamos receber o fruto dos impostos pagos, que por sinal são astronômicos e injustos. Como eleitores, temos que exigir paz social e não guerra religiosa.
Quem dera os “evangélicos” fossemos democráticos e fiscalizadores do poder pátrio como são resolutos em suas demonstrações místicas.
O que temos, então, pastores que se associam a velhas raposas e emprestam sua figura e imagem aos guias eleitorais, usando sua gente como massa de manobra e poder de barganha. Os irmãozinhos ganham as ruas como cabos eleitorais abraçando com sua simplicidade as decisões de seus líderes, mesmo sem entenderem bem o porquê delas.     
Como se não bastasse os profissionais da política que transformaram os cargos eletivos em possessão hereditária, muitos “líderes” religiosos (os evangélicos descobriram esse veio) embarcaram na onda do poder pelo poder, abençoados pelo povo alienado e psicologicamente cativos de seus favores com o “divino”.
Talvez não devesse estar falando sobre isso. Uma vez que muitos políticos, dependendo do cargo possuem imunidade, os “líderes evangélicos” possuem imunidade eclesiástica: “Não toque no ungido”.
Tô ferrado!!!

N’Ele, que é fogo consumidor. 

P.S: Peguei emprestado uma citação do irmão André Pensil e sua perspicácia para construir o pensamento deste artigo.         

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Democracia é Mais do Que Isso



“O temor do Senhor é o princípio do saber” Pv 1.3

Abomino qualquer tipo de ditadura, até mesmo aquelas que se fazem obtusas e recheadas de subterfúgios praticadas em muitas “igrejas” pelo Brasil. Desde cedo aprendi a desejar a democracia como bem inegociável do povo, a amá-la como parte fundamental da existência de uma nação e a defendê-la como uma conquista inerente e indispensável para a construção da cidadania.
Cidadania.
Palavra enigma que nos seduzia e nos fazia sonhar com nossa pátria sendo o estandarte de tão magnífica gente e terra: a nação cidadã, cujo bem entesourável é o seu povo, fundamento e base pelo qual se constitui significados e re-significados de símbolos pátrios e aplicabilidade de qualquer lei.
E assim suspirávamos naqueles anos em que a ditadura agonizava e nos ares, sentia-se “o cheiro de uma nova estação”. Junto com a locomotiva democrática seguia os vagões da liberdade de expressão, de uma sociedade mais justa, cooperativa e de amplas oportunidades. O mundo veria o renascimento de uma nação que foi destinada a desbravar ódios, rancores e preconceitos, pois nossa gente e nossa terra e “amiga de todas as nações”.
Democracia em si já é um termo difícil de conceituar empiricamente, porém, quem experimentou o esmagamento torturante de uma ditadura cruel, irá facilmente defini-la. Mas, em tese é complicado, embora a definição mais aceita seja a de um governo exercido pelo povo e tendo várias formas para que isso aconteça. No entanto, na real, democracia é mais do que uma simples forma de definir governos, ela é uma construção de vida (pelo menos deve ser), depende para isso de muitos fatores e o povo, em geral, precisa de conscientização que para construí-la é indispensável SER cidadão, e isso, implica direitos e DEVERES para todos.
Porem, tudo ficou um bocado triste!
É que estamos confundindo democracia com opinião pública, e erramos mais ainda quando a medimos apenas em ano eleitoral, ou quando há pesquisas de aprovação deste ou daquele gestor público e só.
E as eleições, outdoor de nossa democracia virou um jogo frustrante de muitas cartas marcadas. Praticamente não escolhemos os candidatos, é a competência da mídia e das empresas de marketing eleitoral que o fazem. Assusta-me perceber que grandes conglomerados midiáticos estão nas mãos de grupos políticos e que facilmente inclina seu público para acatar seus objetivos, basta usar com um pouco de eficiência a PNL.
Por todos os rincões de nossa pátria as oligarquias se apossaram do poder que “para o povo deveria ser exercido”, mas ele, o povo, tem ficado ao largo das prioridades políticas, e a lei parece jamais alcançá-los. Temos até a impressão que se tornaram inimputáveis.
Falta racionalidade, vamos para as urnas como quem vai assistir ao jogo de futebol, e a paixão partidária se confunde com o amor irrefletido aos clubes, enquanto nossas cidades se arrastam em atrasos e desmandos que desanimam até a alma mais progressista. O povo acaba contribuindo com esse quadro, quando deixamos de pensar como povo (um todo), para pensar egoisticamente e querer apenas “se dar bem”, o município que se lixe!
Certa vez ouvi de um eleitor a fatídica e irresponsável frase: “Não votei nele para administrar bem. Votei, para ele ganhar a eleição”.
Como é triste nossa democracia!
Nela, se escondem e se disfarçam muitas ditaduras.
Leis e trâmites incompreensíveis, acachapante carga tributária, corrupção jorrando como esgoto a céu aberto, criminalidade a solta e cidadãos presos, julgamentos intermináveis para crimes tão comuns, má administração como praga contagiante espalhando-se pela nação e a burocracia institucionalizada como marca brasileira emperrando o crescimento.
É até estranho que um dos princípios elementares do fortalecimento democrático, a alternância do poder, não funciona bem em nossos rincões, mas, fragiliza e encarece a administração pública, pois quando um é eleito, desmancha tudo que o outro fez e assim sucessivamente.
Mas, o povo canta nos arrastões e isso é só o que importa.
Ainda assim, prefiro a democracia a qualquer ditadura. Precisamos, é claro! Melhorar e aperfeiçoar o que conquistamos e nunca desprezar os triunfos do povo. A democracia só é possível com cidadania, que por sua vez é feita quando os acessos a saúde, educação e justiça tornam-se uma realidade palpável a qualquer um.
A democracia é feita de cidadãos livres, porém, jamais estáticos.
Isto serve também, para as “igrejas”, pois muitas delas são verdadeiros feudos anti-democráticos.

N’Ele, que tem o governo sobre os seus ombros.

Quebrantado Coração



“A intimidade do é para os que o temem, aos quais Ele dará a conhecer a sua Aliança”

(Salmos 25.14)

Semana passada, fui surpreendido por um irmão de fé, que estomagado, reclamava dos informes missionários em sua comunidade sobre a Igreja Perseguida. Incrédulo, ouvi toda a queixa em silêncio. Nenhum dos fatos noticiados havia lhe provocado um senso de fraternidade capaz de calar o coração, sempre disposto em buscar as bênçãos, mas inerte na solidariedade aos irmãos castigados pela perseguição cristofóbica crescente no mundo.
Hoje, ao falar do Evangelho para algumas pessoas, e ao responder algumas questões sobre a vida dos mártires e a simplicidade da vida cristã, alguém interrompeu: “Não quero! Não quero um Deus que não me garanta boa vida aqui neste mundo”. Calei-me por alguns instantes e depois respondi que a salvação em Cristo é o bem maior e a vida eterna a benção incomparável e verdadeira da promessa de Cristo.
Mas, juntando esse a outros fatos parecidos em minhas caminhadas e conversas evangelizadoras pela cidade, fiquei pensativo e de coração machucado pelo “evangelho anunciado” e pelo “evangelho confessado” de nossa gente.
O “evangelho anunciado” tem gerado expectativas meramente terrenas e fugazes, tem criado esperanças financeiras ou tão somente de problemas resolvidos, além de imitar pensamento – reflexão, produzindo, assim, a alienação dos valores eternos, a rejeição ao caminho estreito e espinhoso, além do abandono da cruz.
Quão frágil é a fé construída basicamente em milagres e que não é besuntada com a Palavra da Verdade e da Vida. Quão perigosa é a convicção de quem não pensa racionalmente a sua fé e não a solidifica no conhecimento e no poder de Deus. Quão inútil é a fé expressa neste mundo apenas e que não atravessa os portões eternos.
O “evangelho confessado” não tem abraçado os mandamentos de Cristo. Estamos observando apenas até onde os nossos muros chegam, e quando erguemos um pouco nossa visão é para admirar a grama alheia e não para exercer a solidariedade na dor. O problema dos outros é deles, ninguém tem nada a ver com isso. E assim, a Igreja que é mais organismo que instituição, que é corpo e não um mero associativismo, que é morada do Pai, virou lugar comum onde se barganha as vitórias.
Quão falso é o evangelho sem a cruz que busca freneticamente o bem estar de seu grupo alienado do CORPO. Quão enganoso é o evangelho líquido de mercado, deverás empreendedor e tão pouco fraterno. Quão maligno é o evangelho de resultados, pragmático, transforma gente em número e evangelismo em marketing.
No entanto, sei que há quem verdadeiramente busque quebrantar o coração.
Posto que coração quebrantado não é a costumeira prática religiosa de vitimizar-se, comiserar-se, compungindo o coração numa manifestação lacrimosa e cheia emocionalismo, sem contudo, produzir mudanças em si e em seu meio (Rm 12.1-2).
Não há quebrantamento de coração sem levar em conta a Deus, ofendido pelos nossos pecados e iniqüidades, e ao nosso próximo, sentindo fraternalmente a dor que lhe cabe, e solidarizando-se com o peso da cruz que lhe enverga.
Bem define Kivitz: “Coração quebrantado é um coração que recebe o coração de Deus”.

N’Ele, que quebranta o nosso coração para a solidariedade da Igreja.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Fé Que Pensa, Razão Que Crê



Deus nos convida a pensar.

Você já pensou nisso?
As páginas da Bíblia é um verdadeiro desafio que nos conduz a uma fé transcendental, porém racional, que não descarta o sobrenatural nem despreza os fenômenos que não encontram explicação plausível em nossa dimensão de conhecimento, mas que, no entanto, nunca trata o culto ao Deus – Criador reduzido a um espetáculo de crendices medievais e bizarras superstições, frutos da ignorância e do misticismo tão imperiosos na alma caída do homem.
Ao contrário do que muitos imaginam, na Palavra de Deus, se encontra a mais harmoniosa filosofia prática da história da humanidade. Nela, não há espaço para ambigüidades teóricas nem tão pouco para asseveradas discussões acadêmicas que servem apenas para massagear o ego dos intelectuais. Em sua leitura somos confrontados com as nossas arrogâncias existenciais e, então, os nossos saberes absolutos se desfazem como a poeira que é arrastada pela brisa vespertina.
Deus nos convida a pensar...
Ao contrário do que muitos imaginam a Palavra de Deus não embrutece, não emburrece, não idiotiza e, muito menos não aliena ninguém. Todas as monstruosidades e esquisitices que temos testemunhado em “nome de Deus”, não condizem com os princípios e ensinos de Cristo no Livro Santo, mas de homens que para explorar o próximo e saciar a sua sede de poder, abençoa a ignorância das massas e estimulam uma religiosidade esdrúxula, pomposa e desesperadamente imediatista.
Deus nos convida a pensar...
Não apenas ler.
Ler é o começo.
Pensar é necessário.
Leia...pense...leia...estude...viva!
Quando nos lançamos na maravilhosa experiência de conhecermos o maior de todos os livros rompemos as fronteiras escravizantes dos nossos conceitos, preceitos e pré-conceitos. O simplório achará sabedoria e será apontado por mestre. O filósofo encontrará a si mesmo e o sentido do seu existir fará brotar em seu coração / espírito, o amor, a fé e a esperança.
Deus nos convida a pensar...
Nada é simplista ou casuísta. Há sempre uma parábola profunda, uma hipérbole, um tipo, um antítipo, um paralelismo a ser compreendido. Precisamos mergulhar nas águas límpidas e restauradoras da Palavra do PAI.
Mas preste atenção!
A Palavra é do PAI!
E sendo do PAI nos remete ao FILHO, nos remete a cruz, nos remete a GRAÇA. Imarcescível Graça, incorruptível Graça, incomparável Graça, inegociável Graça de Deus em Cristo Jesus.
Irresistível Graça.
Leia...pense...estude...Não com óculos da filosofia pedante e ineficaz dos homens, nem com a ótica das pseudo-teologias doentias que transforma a ardente fé racional da Bíblia em mantras, grunhidos e especulações espirituais. Deus não nos aliena, mas nos chama a um exercício racional que nos permitirá conhecer a sua boa, perfeita e agradável vontade.
Não apenas leia, mas pense, raciocine, estude, para que possa você por você com o auxílio do Espírito viver não somente o Deus Transcendente, mas o Deus totalmente inerente, pelo qual a nossa alma clama e grita e chama:
Deus – ABA; Deus – Rafá; Deus – Nissi; Deus – Jirê; Deus – Shalom.
Deus nos convida...
...ler...pensar...VIVER!

N’Ele que vive e reina para sempre, Jesus!


P.S: Artigo escrito em 2008, mas, bastante atual. Nele, tomei por empréstimo do lema da ABUB (Associação Bíblica Universitária do Brasil) para usar como título.

domingo, 12 de agosto de 2012

Paternidade, Um Ministério Divino






“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos”
(Provérbios 23.26)
Com a proximidade do “Dia dos Pais” nossa sociedade de consumo entra mais uma vez nessa atmosfera que mistura comércio e emoção familiar, e nossos entes queridos são transformados em instrumentalidade para promover o aumento das vendas. Há quem diga que o dia dos pais foi criado para se vender gravatas, imagine!
Ser pai é muito mais que simplesmente ser um macho da espécie e cumprir sua parte na tarefa reprodução e provimento da prole. Não somos seres meramente irracionais agindo por meio de instintos naturais. Somos muito mais que seres racionais, pois se prevalecer essa idéia da razão pura e simples nossa compreensão da vida e da morte será apenas uma questão matemática ou uma mera probabilidade. Somos seres espirituais, criados a imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27), possuindo o mandato espiritual para tornar este mundo o lugar de relacionamento da criatura com o seu Criador.
Ser pai é um ministério divino, pois o pai é o sacerdote do lar, é dele, juntamente com a mãe, a responsabilidade de ensinar aos filhos o caminho do Senhor (Pv 22.6). O pai é sempre o espelho para o seu filho, todo filho procura imitar o pai e suas ações e ensinos ficam gravadas no córtex dos filhos para toda a vida.
Nosso pai deve ser eternamente o grande herói de nossas vidas, mas, infelizmente, por causa da queda (pecado) e pela inconseqüência de cada um a figura do pai tem experimentado uma desvalorização extrema, e as marcas sociais desse fracasso familiar tem sido trágico para a nossa sociedade.
Vemos hoje histórias tremendamente tristes de pais que violentam suas filhas e filhos, seja uma violência sexual, ou mesmo outras formas de violência que causam profundos dramas no seio familiar. Há aquele pai que espanca sua companheira, ora fisicamente, ora com palavras que a fazem sangrar. Há o pai que ignora os filhos, não sabe nem mesmo o ano da escola em que estão, quais são seus planos, sonhos ou tristezas; é como se vivessem em mundos diferentes. Há aquele pai que abandona a família em busca do prazer egoísta e perverso que o mundo, com sua habitual mania de inverter valores lhe põem a alcunha de que “foi em busca da felicidade”. Há, ainda, aquele pai se envereda pelo caminho dos vícios e atrai rodo tipo de desgraça para sua família, provocando tragédias e tristezas.
Mas, também tem muito pai legal!
Há aquele pai que compreende o sentido do ministério paterno e produz frutos de alegria na vida de seus filhos. Há aquele pai que é nossa referência de vida e pelo qual pautamos nossa construção familiar. Há aquele pai que nos agasalham no carinho de seu afeto e amor, aquele cuja voz é um conforto e consolo nesse mundo perverso. Há aquele pai que torce conosco. Que cresce conosco, que chora e ri e que não o trocamos nem mesmo por todos os super heróis do cinema juntos.
Independente de que tipo de pai nós tenhamos a Palavra de Deus tem um mandamento que dita nosso relacionamento: “Honra teu pai” (Ef 6.2). Mesmo com feridas e traumas, mesmo com ausência e abandonos, mesmo que nosso pai não tenha sido um herói em nossa vida, a Palavra nos orienta que a vontade de Deus é que devemos honrá-lo.
Então, devemos efetivar a eficácia do perdão em nosso coração, ação primeira para que possamos honrá-lo. Não permitir que nenhuma mágoa ou rancor crie raiz de amargura em nosso espírito.
E quanto nós, que somos pais alguns princípios para o ministério paterno:
1.       Jamais negligenciar a responsabilidade de ministrar o ensino das Escrituras em minha casa (Pv 22.6), e dosar a disciplina com amor no temor do Senhor (Ef 6.4);
2.      Ser um exemplo de conduta e honestidade de modo que a nossa família receba as bênçãos destinadas aos que praticam a Palavra (Sl 128.1-6);
3.      Que o nosso relacionamento com os nossos sejam moldados no Senhor pela Palavra de tal modo que possamos ser a segurança e confiança em nossa família, assim como Jesus confiava no PAI (Lc 23.46);
 As últimas palavras de Jesus na cruz incluíam a expressão ABA, que geralmente eram as primeiras palavras das crianças, quando ainda bebês. Era um balbuciar quase inteligível, mas, que era destinada a figura paterna. Mesmo que ela ainda não tivesse noção de quem fosse àquela figura, sabia que nela havia refúgio, proteção, cuidado, carinho, aconchego. Estando em seus braços calava e se aquietava porque estava seguro.
Desse modo é surpreendente que Jesus se refere a Deus como seu ABA, pois para Ele (Deus), Cristo ou mesmo nós não somos mais crianças destituídas de razão, mesmo assim o PAI mantém todo o amor e cuidado em nós, como quem cuida, com toda a atenção dos pequeninos.
Nosso Pai (Deus) é assim.
Que tipo de pai nós temos sido?
Que tipo de presença construímos em nossa família?
Que tipo de exemplo somos para os nossos?
Nesse dia dos pais possamos fazer uma profunda reflexão para honrar o nosso pai, o que foram e o que significam para nós e como devemos nos relacionar com ele, de acordo com a Palavra de Deus. E, também, refletir em nosso ministério paternal e exercê-lo edificando nossa família para a glória de Deus.
Feliz dia dos pais!

N’Ele, nosso PAI.  

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A Igreja Das Ilusões Perdidas



É verdade! O título está errado.
A Igreja não vive nem desfruta nem se dá em ilusões que podem evidentemente serem perdidas ou desfeitas. Ora, a Igreja não deve perder-se nem mesmo em conceitos relativos a uma época, cultura e modo intelectualmente restrito a fenomenologia do tempo na humanidade. Deve caminhar nos fundamentos e princípios de fé em Cristo, subjugada a Cristo, adorando a Cristo, servindo a Cristo, o que nos torna livres, pensantes e fraternalmente comunitários, além de fracassadamente vitoriosos e triunfantemente fracassados.
E não é que parece ser uma utopia ilusória?
Parece.
Mas não é.
A Igreja da qual eu sou é assim.
Ela me parece um tanto quanto ingênua; desnuda de maldade e intenções, não me oferece nada para que orgulhosamente eu ostente: “sou isto e isso nesta Igreja”. Mostra-me os cravos das mãos e pés do Cabeça e se oferece para junto comigo trilhar o caminho estreito, espinhoso e cheio de pedras, mas, também, repleto da presença consoladora d’Ele.
Às vezes encontro com ela na rua, pobrinha, está varrendo onde pisam os incrédulos e os dizem ser, e não são. E quando ela fala comigo divide a sua riqueza.
Como é rica a minha Igreja!
Não tem nada, mas, possui tudo!
Outras vezes, tristonha, cabisbaixa: “Menino doente, perdido no mundo”. Então, choro a tristeza junto e ela chora comigo as minhas, parecemos tão impotentes diante de um mundo mal que jaz no Maligno. Mas, ainda que morramos, não será para sempre, pois, viveremos eternamente com o Senhor.
Mas, também a encontro em júbilo: “Menino curado, salvo do mundo”. Então, me alegro e solto meu riso, riso de conforto em saber que a Igreja que me tem, tem um Dono que solidariza-se na minha dor e na dor dos invisíveis aos sistemas, financeiros, políticos, jurídicos, religiosos, etc.
A Igreja que me tem, tem um jeitão assim, bem brasileiro, é certo. Mas, também é argentina, japonesa, americana, italiana, alemã, africana, australiana, indígenas, é gente que nunca vou entender a língua, mas o Espírito as entende tão bem e na linguagem da fé, esperança e amor, nem de tradutor nós precisamos para perceber que temos o mesmo PAI.
A Igreja que me tem às vezes nem tem sapatos, adora de chinelão e isso não atrapalhou. Certa vez a vi de calção de banho, cabelos ao vento, pés na areia, olhos no mar e coração no céu, num perfeito louvor, e depois... ÁGUA! Thibuuummm!!!
A Igreja que me tem não me carimbou com um número, pois o Pai selou-me com o Espírito e o Cordeiro marcou-me com seu sangue. Crescer nessa Igreja não é paranóia missionária, mas é a transbordante Missão de fazer discípulos aonde vou, onde estou, onde devo ir, por que sou e pertenço e o Reino tem muitos outros que ainda não são, e devem ser, e por não saber devo seguir sempre, anunciando.
A Igreja que me tem prega cantando, prega pregando, prega ensinando, prega curando, prega quando ri e quando chora, prega no abraço que abraça a vida e não o mundo. Ela não me machuca nem decepciona. Não me frustra, pois não é feita do pó humano, mas, da Rocha Divina.
Parece ilusão, que a agonia deste mundo sufocou.
Não!
Ilusão é o que vemos nos expor como realidade cristã e não é. Não suportaria se o que dizem ser Igreja o fosse. Não quero essa igreja que se mostra na tevê, e em tantos púlpitos. Tão feia. Miseravelmente rica me tira tudo. É feroz, desumana, bandida!
Agride, machuca, retalha minha esperança e nos divide em tantos pedaços, já nem posso contar.
A Igreja que me tem, não me cobra nada, eu lhe entrego tudo.

N’Ele, no qual a Igreja é seu Corpo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Leitura, Café e Muita Música, Porque Hoje é Segunda





Não!
Minha segunda-feira não é dia de preguiça!
Só um pouco, vai!
Mas, procuro re-energizar todo meu organismo, tanto o físico quanto a alma. Não que a gente precise botar a alma na tomada, mas ela também sente a necessidade de aconchego e um reencontro em paragens verdejantes nas quais o Pastor nos guia para o refrigério.
Então tento recuperar-me da entrega que me submeto por amor ao Soberano e por engajamento ao seu Reino. Isto é, procuro fazer com muito amor e dedicação as funções como auxiliar na Igreja (comunidade) em que me reúno para a adoração em congregação. E quando sou comissionado para o sábado a noite (como foi o caso esta semana) procuro pregar com toda a capacidade possível. No domingo, meu dia começa às 4:30. Ainda escuro e lá vou eu junto com o seminarista Jonhy rumo a uma das Rádios locais para o anúncio da Palavra. Às 9:30 EBD, e às 18:30 Culto Público onde ocupo o honrado púlpito (quando escalado) para expor as Escrituras.
É na segunda-feira que o corpo sente o desgaste, mas, como estou incumbido de ministrar aulas sobre o livro do Apocalipse, não posso me dar ao luxo de dar folga às leituras, pesquisas e roteiros de aula.
Apesar de já manter uma rotina de leitura, regada aquele café espumando de quente e música sem parar, às vezes um filme leve, no qual possa rir e tornar a tarde leve.
Mas hoje, em meio a leituras e musicas fui tomado de um profundo sentimento de necessidade de buscar a Deus, e ao mesmo tempo em que uma gratidão profunda invadia meu coração.
E sem que eu me desse conta fui as lágrimas.
Que coisa!
A culpa é desse Gladir Cabral, desse João Alexandre, desse Stênio Marcius, Leonardo Gonçalves, Bianca Toledo, Logos, Priscila Barreto, etc. Esse povo não faz música, faz louvor pra machucar de bom. A melodia vem mansinha - às vezes. Alvoroçada, outras tantas e, somos impactados pelo texto Sagrado belissimamente exposto feito música.
Música, talvez (digo talvez por que há quem pense diferente) a mestra de todas as artes, pois, a natureza canta, toda ela canta, os anjos cantam, a vida é um cântico, a Bíblia está cheia de música. Ela tem a capacidade de fazer mexer o mais inflexível puritano, faz calar homens, faz dormir crianças.
A música nos convida a velejar no oceano dos sons...
E lá fui eu...
O Tapeceiro da Vida.
Pai Nosso.
Paz e Comunhão.
Vou Pescar.
O Evangelho.
Pescador.
Fim de Tarde no Portão.
O Senhor do Tempo.
Sobretudo Quando Chove.
Ele Vive.
Autor da Minha Fé.
È Proibido Pensar.
E outras e outras mais. Não quero te cansar nem ser prolixo.
Mas, também o meu Ozéias de Paulo me fez calar e refletir minha caminhada desde a década de 80.
Canção Para Um Amor Maior
Canção do Nauta, entre outras.
Guardo um pouco de tempo para ler um pouco de literatura, foi com muita ternura que fui em busca de uma releitura de Cannery Row, de John Steinbeck. Seus personagens em meio a Grande Depressão são um tanto ingênuos e abandonados pelo mundo grande e hostil, mas o dinheiro parece não ser tão assim em suas estórias. Lembra-me muito um autor brasileiro que nunca foi bem quisto da crítica, porém, é de um brilhantismo único: José Mauro de Vasconcelos.
Em fim, amanhã tenho outros assuntos. Preciso terminar, não me torturem, mas meu filho de quase 5 anos que ouvir Milton Nascimento cantando “Menino Maluquinho”, e já está com a panela na cabeça.

N’Ele, a Fonte onde bebemos a água da vida.