quarta-feira, 14 de março de 2012

Elias, O Profeta Sem Retété


 



“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos..”
(Tiago 5.17ª)
            (1ª Reis 17-2ªReis 2.1-18)
            Elias foi um dos maiores e mais emblemáticos profetas do Antigo Testamento. Durante o seu ministério, Deus o usou profusamente. Seja na forma de instrumento para que o seu poder fosse derramado naquele povo, ora punitivamente, ora como alerta para o retorno a fé verdadeira e genuína, ou, ainda, restaurando a terra. Seja na forma de exemplo de profeta verdadeiro do Deus Verdadeiro, que se guia pela Palavra e vontade do Senhor. Alem disso, Elias permanece para a leitura do Novo Testamento como uma pré-figuração do Messias que havia de vir.
            Uma rápida leitura em seis feitos e atos heróicos pode criar uma atmosfera inexistente em sua missão, pessoa e caráter. Assim como acontece com os personagens da história, os personagens bíblicos podem parecer super-homens, capazes de proezas inenarráveis. Mas a coisa não é bem assim...
            Ciente dessa mania humana, Tiago nos alerta para o caráter de Elias, “semelhante a nós”. Desmitificando, com isso, a imaginação de quem transforma os heróis bíblicos em seres transcendentais. Tiago, ainda nos dá um choque de realidade, quando nos desperta para perceber que Deus é quem opera pelo e no profeta, restando-lhe a atitude de obediência e testemunho do “Assim diz o Senhor”.
              Tenho encontrado algumas preciosas lições na vida do profeta Elias para nossos conturbados e conformados dias:
O profeta confronta as autoridades corruptas. Diferentemente do que muitos pensam a cerca da espiritualidade cristã, ela não se restringe a um gueto religioso alienado e alienante, desprovido de qualquer percepção política, democrática e social, como as injustiças, incongruências e a corruptabilidade dos que governam o povo. Elias surge na história de Israel confrontando o rei Acabe, lançando sobre ele o julgamento de Deus. O Senhor não estava alheio a forma como a nação vinha sendo desgovernada pelo sistema daquela elite. Diferentemente dos profetas bonachões de nosso tempo, que tentam um lugar ao sol na sombra do poder secular, sempre acenando simpaticamente aos mandatários dos municípios, estados e nação na esperança de amealhar alguma glória térrea, não importando a mínima para a podridão do sistema.
A pancada de Elias era seca!
O profeta promove a fé agindo na providência. Uma das marcas mais notável em seu ministério foi à obediência ao que o Senhor lhe determinava. Essa característica permitiu que mesmo em meio a mais assoladora fome e desamparo, ele é o instrumento usado por Deus para resgatar e promover a fé aos mais desamparados e carentes daquele sistema. O encontro de Elias com a viúva de Serepta nos adverte para não esquecermos que o Deus Soberano é providente, que mesmo sem entender ou “sentir” devemos obedecer a sua Palavra, e que a sua bênção não transforma adoradores em parasitas, mas bons despenseiros da sua Graça.
O profeta confronta o sistema religioso enganador. No Carmelo Elias no poder do Senhor derrota os profetas das profetadas, os visionários das “visagens”, os sacerdotes do engano e erro, a falsa religião que se associa ao Estado para manipular, marionetar e iludir toda uma nação. Elias confronta e envergonha os profetas de baal e seus ritos pagãos que impressionam e amedrontam os mais incautos, sua balbúrdia e seus frenesis não foram de nenhuma valia diante da real e poderosa manifestação do poder de Deus. Sem retété, sem alarde, sem mistificações, mas, nutrido pela fé verdadeira e guiado na Palavra de Deus Elias impõe diante do povo a vergonhosa mentira, idolátrica e diabolicamente escravizante anti-religião, que é qualquer religião que nega a Deus.
O profeta teve medo, mas enfrentou-os confiadamente no Deus que lhe guardava. Elias não era super-homem. Não era de aço, nem tinha super-poderes que lhe conferisse uma inatingibilidade dos fracassos e tribulações da vida. Sofreu com as perseguições de Acabe, Jezabel e Acazias. Teve depressão por não ver a nação converte-se ao Senhor, embora os feitos grandiosos realizados através dele. Elias demonstra mais do que qualquer outro personagem as virtudes e fraquezas que todos os homens e mulheres que estão no ministério podem ser acometidos. No entanto, homem de oração e de fervor ao Senhor, sempre esteve pronto para retomar a caminhada, movido pela Palavra do Deus Vivo e Verdadeiro.
Diante de tudo isso, possamos refletir algo pra a nossa prática diária de fé, esperança e amor.
1. Como Igreja do Senhor, possamos permanecer firmes, jamais alinhados com sistemas corruptos. Prontos para denunciar as injustiças e cobrar a construção de uma sociedade mais solidária, mais humana, mais cristã. Que a nossa voz profética injete vida na vida da nação em estejamos inseridos.
2. Que nossa mensagem evangelística alcance pessoas e não seja, apenas planos para alcançar territórios e aumentar os números no rol de nossas secretarias de igreja.
3. Que todas as nossas ações, doutrinas, teologias, revelações, sonhos, palavras sejam conforme as Escrituras Sagradas, sem desviarmos nem para direita, nem para a esquerda, mas que Ela seja o lume que garante o rumo da nau.
4. Que possamos compreender definitivamente que Deus não sofre de surdez, – baal é que poderia ser surdo – não se impressiona com qualquer ritual litúrgico antropocêntrico, nem é preciso nenhum retété, nenhum ato estranho ao Evangelho para que o poder de Deus se manifeste.
5. Deus jamais abandona os seus, “Eis que estou convosco até todos os dias até a consumação do século” Mateus 28.28.b.
           Em Cristo, que nos ouve sem gritos, mas com gemidos inexprimíveis.

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