Sinto vergonha!
Quando percebo as virtudes cristãs e
as bases que solidificam a nossa fé, serem trocadas por evasivas filosóficas
que condicionam a Verdade ao relativismo agonizante da medida do homem, e o
Deus soberano sendo transformado em um ser apequenado, surpreso e cheios de sonhos
infantis.
Sinto vergonha!
De ver a teologia ser tratada como uma abominação do conhecimento a ponto de muitos ditos "cristãos" aconselharem a fugir dela
para não ter a sua “fé” esfriada; ou, sendo tratada como um mero conjunto de
doutrinas do saber empírico, gerando teólogos que disputam preciosismos doutrinários em
detrimento do povo cristão que anseia por unidade e paz. E assim, o púlpito foi
transformado em um moderno areópago para demonstrações de oratória e homilética,
em vez de lugar para a manifestação do poder de Deus pela sua Palavra por meio
do Espírito.
Sinto vergonha!
Por acompanhar as disputas televisivas
de muitos pastores midiáticos e seus ministérios gigantescos despejando
promessas que Deus não fez. Brigando por coisas que não pertencem ao Reino,
manipulando o telespectador para as vultosas doações numa verdadeira barganha
celestial. Sinto vergonha por terem feito da oportunidade de comunicar o
evangelho em uma corrida por audiência com direito a demonstração de quem mais
expulsa demônios, de quem mais cura, de quem mais realiza feitos miraculosos,
etc.
Sinto vergonha!
Quando a Bíblia é cada vez mais
usada de acordo com o “achômetro” de cada um, ou como um livro mágico, enquanto fazem das experiências, que são bem pessoais, serem transformadas em doutrinas e normas,
criando com isso, cadeias idolátricas em torno dos “vasos” que operam “moveres”
que glorificam o homem e não mais a Deus.
Sinto vergonha!
De ver o misticismo, o bruxismo e o
paganismo adentrar na Igreja Evangélica Brasileira e cada vez mais a ética, o exemplo
e o viver a Palavra com dignidade se tornar um ideal utópico em vez de normalidade
cristã.
Sinto vergonha!
Quando calvinista e arminianos se
escalpelam em guerras que levam ao desgaste fraterno e o desamor crescente
entre os irmãos.
Sinto vergonha!
Que o outrora povo protestante, não
mais proteste, não mais examine, não mais discerna; que expressa uma
espiritualidade fantasmagórica e caminhe por caminhos que não são os nossos;
caminhos que não podemos e que não devemos ir.
Sinto vergonha!
Sinto vergonha!
Que este povo, que dantes recebera a
alcunha de “os bíblicos” não mais leia, estude, nem perscrute como Bereanos a
Palavra que lhes foi dada, e passou a confiar plenamente nos pregadores estranhos e suas “revelações esdrúxulas”, tendo-as como verdade absoluta sem ao menos um
exame acurado nas Escrituras.
Sinto vergonha!
Sinto vergonha!
Que a Escola Bíblica Dominical, os Cultos de Doutrina e
Orações sejam flagrantemente negligenciados e trocados por qualquer entretenimento
fácil e alienante.
Sinto vergonha dos cultos centrados
no homem e em busca de bens de consumo numa ânsia neoliberal desenfreada e sem
precedentes na história eclesiástica, enquanto remissão de pecados e o retorno
de Cristo quase não mais constarem nas pautas dos sermões dominicais.
Sinto vergonha de mim, por minha inércia,
impotência e vontade de desistir, pelo riso ante as cenas dantescas que se tornaram
tão comuns hoje em dia e que deve nos levar a o choro, jejum e oração.
Mas não te renego, nem te desprezo e
não desisto de ti, simplesmente por te amar Igreja Evangélica Brasileira.
Em Cristo, que se entregou pela Igreja.
P.S:
Tomei por empréstimo o mote da grande poetisa Cleide Canton e sua indignação
pelo cenário de corrupção nacional: “Sinto
Vergonha de Mim”.
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