A doutrina do Novo Testamento enfoca sobremaneira a Igreja e a sua importância na economia de Deus. Ela é uma agência imprescindível para o desenvolvimento da fé cristã.
Para poder
entender o seu intrínseco valor é necessário observar o duplo testemunho sobre
ela.
O primeiro
testemunho é advindo da própria Bíblia, mais especificamente o que o Novo Testamento
afirma sobre ela. Nele encontramos um
rico acervo de figuras de linguagens usadas para demonstrar o que é a comunidade
dos cristãos. Ela é chamada de Edifício
de Deus, Lavoura de Deus (1 Co 3.9 );
Coluna e baluarte da verdade (1 Tm 3.15 );
Corpo de Cristo (1 Co 12.27), etc.
O segundo
testemunho é oriundo das nossas mais profundas experiências curativas e
espirituais no seio dessa comunidade. Quantas pessoas destruídas pelos
descaminhos da vida não foram tratadas e curadas nesse hospital espiritual onde
o Espírito Santo prescreve o receituário da vida abundante: Fé em Cristo Jesus.
Mas como se dá
a cura para nossos males interiores nessa verdadeira comunidade terapêutica
chamada Igreja?
Antes de
qualquer coisa precisamos compreender que o vocábulo “igreja” vem de uma raiz
hebraica que tem como conotação a redundante idéia de “sair fora”, “cortado”, “separado”;
enquanto seu termo grego “Eclésia”, trás a idéia de ajuntamento, reunião ou
assembléia. Ou seja, estar na Igreja é ter saído do sistema de valores
invertidos que se chama “mundo”, cortado e separado dele, para formarmos uma
comunidade alicerçada n’Ele. É claro que “Igreja” é um termo abrangente e
sempre nos conduzirá a calorosas discussões por causa do barateamento dos seus
significados em nossa era.
Ela é o Corpo
de Cristo e constitui-se dos salvos em Cristo em todas as épocas (a Igreja
Invisível), mas, também é composta pelos que, pela graça de Deus, por meio da fé
em Cristo e o chamado do Espírito Santo, reúnem-se em laços de amor para
compartilhar a vida nova (Igreja Visível). Nesta reunião visível há
imperfeições, ajustes constantes, percalços e dificuldades. No entanto, apesar
de todos os “mas”, ela permanece com funções terapêuticas para o tratamento de
quem se achega a esta comunidade.
Logo, fora da
pressão e opressão secular podemos experimentar a cura interior que se dá em
três aspectos básicos:
O primeiro aspecto terapêutico da Igreja se encontra no fator da adoração (João 4.23,24).
Essa comunidade é chamada para uma adoração “em espírito” e “em verdade”. Deus
é espírito, isso significa dizer que não se pode ter nenhuma representação
física d’Ele, e que não existe nenhuma limitação geográfica para Ele. Nenhuma
religião é dona de Deus e a sua “Igreja” materializa-se quando dois ou três
estiverem reunidos em seu Nome. O conceito de “verdade”
significa que essa adoração é real e exigida, não é uma fantasia ou mitologia;
visível e palpável, por que não é algo subjetivo, a nova vida e perceptível em
suas transformações e ações Mateus 5.16; não é uma ortodoxia morta, ou uma
religiosidade meramente dogmática, escravizante e alienante. Verdade, porque
não existe apenas no ambiente das quatro paredes do edifício-templo que
comumente chamamos de igreja, mas acontece no nosso dia a dia, nos
relacionamentos e na nossa forma de ser e viver o Cristo em nós como esperança
da glória.
Quando
adoramos em espírito e em verdade nos esvaziamos das nossas auto-suficiências e
auto-afirmações e passamos a viver na dependência daqu’Ele que enche tudo em todos. E , então começa a
cura interior.
O segundo aspecto terapêutico da Igreja se encontra no princípio inegociável e
intransferível do perdão (Mateus 6.14,15). Essa comunidade é formada por
pessoas renovadas em Cristo e que sorvem a medicação do Espírito em grandes
doses de perdão. O perdão é tão essencial na vida do cristão que na oração do
Pai Nosso é nele que Jesus concentra o seu “bis”. A falta desse instrumento em
nossa vida cristã anula qualquer conquista espiritual que possamos ter. Porque
o que o Senhor perdoa em nós é infinitamente maior do que aquilo que devemos
perdoar nas pessoas. Porque o que devíamos para Deus é superlativamente maior
do que aquilo que os outros nos devem. Além disso, o perdão nos liberta das
raízes de amarguras e dos verdugos que o ódio e o ressentimento semeiam em
nosso coração. Quando perdoamos ficamos cada vez mais parecidos com Cristo.
O terceiro aspecto terapêutico da Igreja está na capacidade de servir uns aos outros
(Mateus 23.11; João 13.35). Essa comunidade difere de todas as outras
existentes no mundo por que a sua verdadeira hierarquia não se conquista pela
força ou malícia, mas, aquele que quer ser o maior deve ser o menor. O maior
nesse reino é aquele que se dispõe a servir com amor o seu próximo. É através
do serviço que ela torna visível o Deus invisível e impacta a sociedade com a
sua determinação em fazer diferença na vida das pessoas, assim como o Mestre
marcou aquela geração. Esse serviço é feito sem nenhum interresse, de modo que
a mão esquerda não saiba o que a destra fez. Servir é a grande máxima do
cristianismo que possibilita a sermos semelhantes ao Senhor que era o Reis dos
reis, mas, não veio para ser servido e sim para servir, além de nortear
desembaraçadamente a nossa vida.
Quem adentra
nessa comunidade necessitando da cura interior, eu lhe digo: De fato irá
encontrar se estiver disposto a adorar somente e unicamente ao Deus Tri-uno, a
perdoar setenta vezes sete, não como um quantitativo matemático, mas, um
qualitativo de vida, e, estar pronto para negar-se a si mesmo tomar a sua cruz
do dia a dia e seguir o Mestre servindo ao próximo como a ti mesmo.
Em Cristo, O
Cabeça da Igreja.
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